Review | Liga da Justiça

Em 2013, enquanto a Marvel se preparava para iniciar a Fase Dois de seu universo compartilhado com o lançamento de Homem de Ferro 3, a DC lançava o primeiro filme de seu universo estendido: Homem de Aço. Desde então, muito se especulou sobre seus próximos filmes, quais de seus heróis ganhariam vida nas telonas, quais sofreriam reboot e quais seriam descartados.

Liga da Justiça sempre foi o mais esperado não só pelos fãs da DC, mas também pelos fãs de filmes de super-heróis no geral. Reunir Superman, Batman e Mulher-Maravilha em um mesmo filme era algo inimaginável em 1978 quando Superman: O Filme, de Richard Donner, fora lançado. E nem é preciso ir muito longe, Tim Burton em 1989 e 1992 lançava os ótimos Batman e Batman: O Retorno, e até tinha planos para um novo filme do Superman com Nicolas Cage no papel principal – felizmente cancelado – mas também estava longe de reunir a tríade da DC num mesmo filme.

Nem mesmo o insucesso de Lanterna Verde (o maior trauma da carreira de Ryan Reynolds) fez a DC desistir de um pontapé decente, que veio com o lançamento de Homem de Aço, comprovando que a DC/Warner deveria, sim, investir em seu universo de heróis no cinema.

Batman vs. Superman: A Origem da Justiça foi a aposta seguinte e até hoje divide opiniões tanto da crítica quanto do público. Coisa que não acontece com Esquadrão Suicida, esse detonado por todos os lados. Em 2017, a luz no fim do túnel da DC aparece e Mulher-Maravilha é muito bem recebido por crítica e público, se tornando até então o filme de origem de herói mais rentável da história.

Mas a maré de azar da DC parecia não ter fim. Em maio deste ano, o diretor Zack Snyder anunciou seu afastamento da pós-produção do filme da Liga da Justiça, devido à recente morte de sua filha, e o estúdio então convocou Joss Whedon (Os Vingadores) para assumir seu lugar e finalizar o filme. E sim, dá para notar essa mudança em algumas cenas.

Invencionices

Em Liga da Justiça, após a morte do Superman (Henry Cavill, de Homem de Aço), Bruce Wayne (Ben Affleck, de Batman vs. Superman) e Diana Prince (Gal Gadot, de Mulher-Maravilha) se reúnem em busca de novos recrutas para formar um time de heróis com diferentes habilidades para enfrentar uma força alienígena que ameaça o planeta. Flash (Ezra Miller, de Animais Fantásticos e Onde Habitam), Aquaman (Jason Momoa, de Conan, o Bárbaro) e Ciborgue (Ray Fisher estreando como protagonista) completarão esse time.

O primeiro grande acerto de Zack Snyder é deixar as invencionices e ideias mirabolantes de Batman vs Superman de lado. O roteiro é básico e a apresentação dos personagens é simples – embora enrole demais. A motivação do vilão é direta e essa, talvez, seja a característica mais semelhante ao estilo Marvel de se fazer cinema – como muitos dizem por aí, mas que notadamente funciona.

Falando em estilo Marvel, o humor está presente, porém, diferentemente do que a Marvel faz em seus filmes mais escrachados (como no recente Thor: Ragnarok), o foco fica em um personagem só – que funciona como alívio cômico – sem precisar que todos personagens façam piadas fora de tom a todo instante. De qualquer forma, é um indício de que o tom da DC mudou e está mais aberto ao humor – seria a mão de Whedon ou escolha de estúdio?

Outro acerto já é característica conhecida de Snyder e quem gosta vai vibrar – e quem não gosta vai bufar. As cenas de ação em câmera lenta estão ali, mas pelo menos o artifício é utilizado inteligentemente. E é justamente nessas cenas que dá para notar o que Whedon dirigiu – além de algumas onde o bronze de Ben Affleck fica bem nítido.

O CGI incomoda bastante em alguns momentos, principalmente na criação do vilão Lobo da Estepe (Steppenwolf voz de Ciarán Hinds, o irmão de Dumbledore na franquia Harry Potter) e nos minutos finais – um problema que também existe em Homem de Aço e Batman vs. Superman e, convenhamos, na maioria dos filmes de super-heróis por aí.

E algo que pode decepcionar muitos: Mulher-Maravilha não tem um papel de grande destaque na história ou dentro da Liga. Mesmo que Gal Gadot consiga trazer mais uma vez seu carisma para a tela, sua personagem é praticamente sabotada pelo roteiro e fica limitada em suas ações. Mas, como já citado, foram escolhas acertadas de Snyder levando em conta o poderio e capacidade de cada um dos heróis. É preciso saber a hora certa para o deslumbre e Batman vs. Superman já havia deixado bem claro como pode dar errado se superestimar.

Ciborgue e Flash são ótimas escolhas e funcionam tanto para a trama quanto para o futuro da Liga. Aquaman também fica meio de lado em alguns momentos, embora o momento mais engraçado do filme seja com ele. Já o reino Atlantis ganha um breve vislumbre para o filme solo do personagem, já engatilhado para 2018. Já o Superman, bom, sua volta é espetacular.

Liga da Justiça pode não ser o filme perfeito com os principais heróis da DC, mas dá boas esperanças para o futuro de seu universo estendido e, pelo que já tivemos até aqui, nota-se a evolução. Existem duas cenas pós-créditos e a última deixa claro que a DC começa a encaixar suas peças.

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