Review | Me Chame Pelo Seu Nome

Desde sua estreia no Festival de Sundance em janeiro de 2017, Me Chame Pelo Seu Nome tem causado frisson na crítica, que vem tratando a produção como um dos melhores e mais emocionantes filmes dos últimos anos. Agora em plena temporada de premiações, a produção vem realmente se destacando e arrebatando prêmios. Merecidamente, aliás.

Dirigido por Luca Guadagnino – pouco conhecido, mas com alguns grandes títulos no currículo – e com produção do brasileiro Rodrigo Teixeira, o filme baseia-se no romance homônimo escrito pelo egípcio André Aciman, que narra os acontecimentos de uma temporada de férias na vida do adolescente Elio (Timothée Chalamet) na casa de campo da família intelectualizada em 1983. Lá, o pai dele (Michael Stuhlbarg), especialista em cultura greco-romana, recebe o acadêmico Oliver (Armie Hammer), que viaja para ajudá-lo em sua pesquisa. Aos poucos, Elio e Oliver vão se aproximando um do outro.

Ao lidar com a temática gay, Guadagnino toma todos os cuidados possíveis para não ficar preso a uma só questão. Me Chame Pelo Seu Nome é muito mais que uma história de amor entre dois homens. É o que deixa bem claro o roteiro de James Ivory – diretor indicado a três Oscars – que desde o primeiro momento apresenta bem seus dois protagonistas e demonstra estar bastante disposto a acompanhar todas as descobertas vividas por ambos.

Mas a aproximação entre os dois não se dá de forma imediata, leva um bom tempo para que se veja algo concreto acontecer entre eles, os novos sentimentos começam a surgir bem devagar. A trama intercala olhares curiosos, toques sutis e muita observação. Todas estas manifestações misturadas  em meio a cafés da manhã, almoços, bebidas e muita poesia e arte.

A história evita questões comuns vistas em outros filmes com temática semelhante. Não existem conflitos com a família, nem manifestações explícitas de homofobia, o roteiro conta uma história de amor convencional, tornando fácil a identificação por se tratar de um tema tão comum para a maioria das pessoas. Os protagonistas lidam o tempo todo com questões internas que demoram a serem expostas. Mas de forma orgânica, o relacionamento vai tomando forma, mesmo que aparentemente por um tempo limitado.

Timothée Chalamet e Armie Hammer têm pela primeira vez a chance de provarem como são talentosos em papeis bem desafiadores, carregados de emoção e paixão. Em suas respectivas idades, hábitos e até medos, a dupla – com muita delicadeza – apresenta muito bem as dúvidas e os anseios que permeiam seus personagens. O resultado é a ótima química apresentada pelo casal, onde percebe-se a entrega e transparência de ambos os atores. E o que dizer ainda de Michael Stuhlbarg, discreto na maioria do filme, mas que quase no final, numa conversa franca com o filho, apresenta um diálogo revelador de partir o coração.

Guadagnino cuida das imagens, explorando bem tanto os corpos dos atores como a ambientação primorosa na Itália, lugar de grandes cenários e locações primorosas. A trilha sonora delicada apresenta a belíssima canção Mystery of Love, do cantor americano Sufjan Stevens.

Em uma época turbulenta no que se diz respeito aos direitos dos LGBTs, pelo terceiro ano consecutivo, um filme dessa temática recebe aclamação e figura entre os melhores do ano. Carol em 2015 e Moonlight: Sob a Luz do Luar – vencedor do Oscar de Melhor Filme – em 2016, levantaram discussões importantes envolvendo sexualidade. Me Chame Pelo Seu Nome segue o mesmo caminho e demonstra a mesma importância. Trata-se de um belo filme, que comove e envolve sem precisar de qualquer tipo de afetação. Uma história de amor em sua mais pura forma e desejo.

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