Review | A Maldição da Casa Winchester

Casas amaldiçoadas ou mal-assombradas são praticamente um subgênero no terror. Desafio do Além (que teve um remake em 1999 com o nome de A Casa Amaldiçoada), A Casa dos Maus Espíritos (que teve um remake em 1999 com o nome de A Casa da Colina), A Casa de Cera (remake homônimo do clássico de 1953), Os Outros (2001), são alguns dos filmes mais conhecidos que trouxeram casas assustadoras e entraram para a história do cinema.

Os irmãos Spierig parecem ter adorado mexer com o terror. Depois de dirigirem Jogos Mortais: Jigsaw (2017), continuam no gênero, agora com A Maldição da Casa Winchester, apenas Winchester no original.

Na história que os irmãos escreveram, a viúva Sarah Winchester (Helen Mirren, de Decisão de Risco) é a rica herdeira da fábrica de rifles Winchester, que tem sua sanidade questionada pelos demais membros da diretoria por afirmar que existem diversos fantasmas em sua mansão. O médico Dr. Price (Jason Clarke, de Mudbound: Lágrimas Sobre o Mississipi) é convocado para ir até a mansão e dar um parecer sobre o estado mental da viúva.

Se a história real de uma casa mal-assombrada com mais de um século de idade, dezenas de andares e centenas de cômodos onde, supostamente, fantasmas vagavam pode parecer assustadora, isso fica só no nosso imaginário.

Na vida real, assim como no filme, a mansão esteve em reformas 24 horas por dia durante anos, pois, segundo Sarah Winchester, os espíritos das vítimas das armas de sua fábrica apareciam querendo vingança. Ela então os trancava em diversos cômodos e construía mais deles com o passar do tempo. Em A Maldição da Casa Winchester, o foco fica em apenas um desses espíritos, o que é uma pena.

Os irmãos Spierig não conseguem acertar em nada. Se a premissa parecia interessante, por nos levar a uma casa mal-assombrada repleta de cômodos, eles não exploram isso. Pouquíssimas vezes vagamos pelos corredores da casa de sete andares e sua centena de cômodos, mas a rotina dos moradores é concentrada sempre nos mesmos ambientes. Quer dizer, onde estão os outros moradores? Somos apresentados a três deles, os demais somem em alguns momentos e aparecem em outros, misteriosamente.

Helen Mirren deveria estar atormentada para topar entrar em um projeto onde sua atuação se resume a imitar uma médium que nunca se decide entre ser assustadora ou assustada. Jason Clarke parece ter a mão podre para escolher projetos e mais uma vez entra em um barco que afunda, seu Dr. Price é um beberrão e mulherengo, mas o que poderia ser uma interessante construção de paranoias e visões vira uma grande bobagem, apelando para os jump-scares, e o pior, os esbarrões que viram humor involuntário.

A câmera dos Spierig é tão parada que é impossível não bocejar e prever tudo o que vai acontecer. Ora, estamos em uma casa de sete andares, centenas de cômodos, portas bloqueadas e supostos espíritos espalhados. Custava trazer ao menos uma direção mais aprimorada? O ambiente clama por isso – e nós também. E é decepcionante, pois os Spierig não são novatos no cinema, e um clima de suspense é muito mais importante do que jogar coisas na nossa cara com uma música estridente de fundo.

As resoluções no terceiro ato são corridas e as mais absurdas possíveis, os personagens começam a adivinhar tudo o que devem fazer – como num videogame – e vão eliminando seus inimigos e ganhando sobrevidas, enfim, até que a calmaria reine. Sobra espaço até para um draminha horroroso que poderia ter ficado esquecido lá no início da história.

Tomara que os irmãos Spierig se tranquem em casa e estudem bastante antes de se envolverem em um projeto tão insosso e sem alma quanto esse, porque A Maldição da Casa Winchester é mais um filme genérico que só vai servir para figurar na lista de piores do ano.

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