Review | Chocante

Nos anos 90, a televisão brasileira alçou vários grupos ao estrelato repentino. Depois do sucesso dos porto-riquenhos do Menudo, brilharam em terras tupiniquins grupos como Dominó e Polegar. Nesta história ficcional, que serve como sátira às boybands da época, o grupo Chocante também teve um sucesso meteórico de oito meses.

Com o slogan “ninguém pediu, mas eles voltaram”, o filme produzido por Augusto Casé (Cilada.com) e dirigido pela dupla Johnny Araújo (O Magnata) e Gustavo Bonafé, ganha muitos pontos por saber trabalhar a nostalgia da época e também trazer a história aos dias atuais, sem se tornar caricata demais.

No filme, o grupo que teve fim após uma briga ao vivo, se reúne 20 anos depois devido à morte trágica de um dos integrantes (num anúncio impagável de Sonia Abrão). Em um papo descontraído num bar com a fã Quézia (Débora Lamm, de Muita Calma Nessa Hora) surge a ideia de um reencontro para um único show. Apesar de, a princípio, não levarem a ideia muito a sério, lá no fundo existe o sonho de cada um dos integrantes em voltar a fazer sucesso devido à vida chata que levam. Com isso, pedem ajuda do empresário e produtor Lessa (Tony Ramos, de Se Eu Fosse Você) para organizar o tal show.

O trabalho de elenco é ótimo. Os integrantes do grupo Téo, Tim, Tony e Clay, interpretados respectivamente por Bruno Mazzeo (Vai que Dá Certo), Lúcio Mauro Filho (Saneamento Básico, o Filme), Bruno Garcia (De Pernas pro Ar) e Marcus Majella (Um Tio Quase Perfeito) são todos trabalhadores infelizes, um é motorista de Uber, outro é médico oftalmologista do Detran, outro se intitula um profissional de marketing em um supermercado – quando na verdade faz os anúncios das promoções no microfone – e outro se diz cinegrafista independente – filma casamentos, batizados, entre outros. Toda infelicidade dos protagonistas em seus trabalhos rende excelentes momentos de humor, sem menosprezar tais profissões.

Existe ainda a adição do personagem Rod (Pedro Neschling, de O Diário de Tati), que substitui Tarcísio, o integrante morto. Um participante de reality show que traz o contraponto para os “dinossauros” do Chocante. Ele é um jovem que tem seguidoras no Facebook, Instagram e outras redes sociais e faz diversos vídeos na companhia do grupo, um retrato eficiente das estrelas de hoje em dia.

Outro ponto que merece destaque são as cenas de bastidores da banda, que são recriadas de maneira exemplar e dão valor à obra, parecendo mesmo que foram retiradas de algum arquivo dos anos 90. Destaque para a cena em que os integrantes trocam socos no palco do programa do Gugu.

Sem se tornar apelativo, sabendo que é pastelão, cativando seu público pela nostalgia e com uma ótima trilha sonora, Chocante é uma daquelas comédias que pode não ser incrível e genial, mas que agrada e diverte bastante. Uma proposta genuína e que os mais velhos com certeza irão se afeiçoar mais. Dá até para se emocionar no final.

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