Review | D.P.A. Detetives do Prédio Azul – O Filme

A programação infantil das grandes redes de televisão encontra-se hoje em dia praticamente extinta. Depois de reinarem por muito tempo nas manhãs, ancoradas por carismáticas apresentadoras loiras, os programas infantis se viram cada vez mais sumindo da programação. Produções originais deram lugar a desenhos enlatados e até as mais famosas apresentadoras infantis hoje em dia dedicam suas atrações ao público adulto.

Sem espaço nas emissoras abertas, a solução foi investir nos canais por assinatura. O Gloob – um dos braços da Globosat – surgiu em 2012 com uma programação totalmente voltada para as crianças. Rapidamente, se tornou um dos canais com maior audiência, deixando para trás concorrentes de peso. Como carro-chefe da programação, a primeira produção original do canal foi o seriado Detetives do Prédio Azul, ou apenas D.P.A. para os íntimos. O sucesso na telinha chega agora aos cinemas.

Dando continuidade aos acontecimentos mostrados na televisão – a série já conta com oito temporadas de sucesso – em D.P.A. – O Filme, os amigos Pippo (Pedro Henriques Motta), Sol (Letícia Braga) e Bento (Anderson Lima) precisam resolver mistérios que aconteceram após uma festa realizada pela síndica e bruxa Leocádia (Tamara Taxman). Após a festa, Leocádia se torna extremamente gentil com Severino (Ronaldo Reis), Teobaldo (Charles Myara), as crianças e seus pais, algo bem distante de sua personalidade. Ao mesmo tempo, o prédio azul apresenta rachaduras e corre o risco de ser demolido. Cabe aos detetives solucionar mais um mistério e salvar o local onde moram.

A trama, bastante didática – até mesmo para as crianças – insere bem os elementos mágicos e consegue criar uma narrativa coerente, fazendo bom uso de efeitos especiais. Algumas passagens como o prólogo e o epílogo são desnecessárias, assim como a inconveniente explicação de toda a trama realizada por um dos personagens. Se existe algo que é preciso levar em conta é que as crianças jamais devem ser subestimadas. O filme parece não conhecer sua legião de fãs e entrega tudo bem mastigadinho, deixando pouco espaço para as crianças usarem a imaginação para a resolução do mistério.

Mesmo sem desafiar a inteligência de seu público, o filme pelo menos não se rende a situações gratuitas. O elenco escalado é bem aproveitado e apresenta relevância para a história. Otávio Müller, Maria Clara Gueiros, Mariana Ximenes e Ailton Graça são os novos bruxos, caracterizados e caricatos na medida certa. O retorno dos detetives originais – Tom (Caio Manhente), Capim (Cauê Campos) e Mila (Letícia Pedro), é bastante simbólico e suas participações são bem convincentes. Destaque para Tamara Taxman, que ‘rouba’ – assim como na série – vários momentos do filme na pele da divertida e mal humorada síndica Leocádia.

O que incomoda bastante logo no início é a linguagem televisiva impressa na obra. Os cenários retratando o prédio azul funcionam bem na telinha, mas no cinema ficam com um aspecto amador. O bom é que o filme não fica preso ao estúdio e na medida em que sua trama avança, explora outras locações que dão novo ritmo ao filme. As sequências envolvendo um submarino real são bastante empolgantes.

D.P.A. aos pouco vai aumentando seu sucesso, relembrando antigas produções, em especial da TV Cultura, criadora de clássicos infantis inesquecíveis como Castelo Rá-Tim-Bum e Mundo da Lua. Todo o sucesso da série comprova que as crianças de hoje, mesmo com tantas outras mídias ao alcance, continuam interessadas em programas que divirtam e ensinam valores. Produções voltadas exclusivamente para esse público precisam ser incentivadas em qualquer grade de programação.

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