Review | Foo Fighters – Concrete and Gold

Durante algumas entrevistas de divulgação do 9º álbum de músicas inéditas do Foo Fighters, o líder, guitarrista e vocalista da banda Dave Grohl disse que queria fazer com que o disco soasse como um encontro entre Beatles e Motörhead. Já não é de hoje que o carismático frontman sonha alto (o que pode parecer megalomania para muitos), e também não é de hoje que ele costuma entregar o que promete. Não dá pra dizer que Concrete and Gold se apresenta exatamente como essa amálgama que Grohl sonhou, mas não é por falta de tentar e arriscar.

Apostando um pouco menos no rock de arena ou naquelas vertentes mais energéticas, ainda inspiradas pelo Nirvana (do qual, acreditem se quiser, Grohl foi baterista! É mole?), o Foo Fighters resolveu abraçar influências mais clássicas aqui – desde as timbragens  e frases de guitarra, incursões de teclados, uso de passagens mais acústicas, tudo remete há décadas passadas. Mérito da banda e da excelente produção de Greg Kurstin (Adele, Lilly Allen, P!nk), que além desse toque nostálgico, conseguiu fazer da audição algo limpo sem soar overproduced, como costuma acontecer nos dias de hoje no mainstream.

Mas muito embora a banda queira “homenagear” o passado, a segunda música do álbum (seria a primeira se a gente levar em conta que T-Shirt é mais uma introdução do que uma canção em si), Run, talvez a mais pesada do álbum, nos brinda com um riff e um trabalho de cozinha que remetem a coisas mais contemporâneas como o System Of a Down. Meio louco isso, né? É uma ótima faixa, mas que não serve como parâmetro do que está por vir.

Boas guitarradas (que aqui são papel do próprio Dave Grohl em parceria com Chris Sifhlett e Pat Smear) numa linha mais clássica permeiam as próximas Make It Right e Sky Is a Neighborhood, que contam ainda com coros da banda em seus refrãos. A primeira é das minhas favoritas no álbum.

Com um som mais sujo e uma introdução de baixo (Nate Mendell), La Dee Da também remete à algo que tem se ouvido nas rádios atualmente, numa vibe meio Queen Of The Stone Ages (com quem a banda excursiona no Brasil ainda em 2018). Logo em seguida outra de minhas favoritas, Dirty Water, que é mais calma e quase acústica na primeira metade, e depois abre espaço para que o mais novo membro do Foo Fighters, o tecladista Rami Jaffee, mostre seu trabalho. Aliás, dessa música em diante as músicas parecem deixar um pouco mais em evidência as linhas sintetizadas e efeitos criados por Jaffee, que contribuem demais com a construção dessa áurea mais rock do álbum.

Mas há outros momentos mais soft durante a audição – como na bonitinha Happy Ever After (Zero Hour), que mais uma vez conta com coros e backings vocals da banda, mas que não chega a ser uma balada como estamos acostumados a ouvir. Aliás, esse pode ser outro ponto que pode causar estranheza em quem acompanhou algum ponto da carreira da banda: esse trabalho soa acessível, mas não comercial. Não há músicas aqui que imagino se tornarem algum grande hit, cantado por todos. São músicas que miram um público mais específico – e essa busca faz do trabalho todo algo mais coeso. Ponto positivo pra banda.

Vale ainda falar de Sunday Rain, outra faixa mais tranquila, que tem um grande diferencial: quem canta é o baterista Taylor Hawkinsquem comanda o instrumento percussivo é ninguém menos que Paul McCartney. E olha, precisamos dizer que ele mandou bem. Na bateria, seu trabalho acabou sendo mais contido do que em outros tempos, mas sempre muito seguro e competente.

No fim, acaba sendo um trabalho muito bom, que cresce no ouvinte a cada nova audição – você nota uma linha de baixo aqui, alguns teclados ali, harmonizações vocais acolá. Mas fica clara também uma busca por uma identidade própria em meio a tanta influência incorporada no trabalho – dentre as quais, os próprios Motörhead e Beatles sim. Só que mais do que uma mistura original do som das duas bandas, parece uma grande homenagem à elas – o que não é demérito algum. O caminho do Foo Fighters parece reservar coisas ainda mais grandiosas pela frente – tanto quanto sonha alto o gente boa do Dave Grohl.

Concrete and Gold está disponível no iTunes, no Google Play e no Spotify – que você pode ouvir logo abaixo.

[wp-review id=”6430″]

Concrete And Gold

Lançamento: 15 de setembro de 2017

Tracklist:

01. T-Shirt
02. Run
03. Make It Right
04. The Sky Is a Neighborhood
05. La Dee Da
06. Dirty Water
07. Arrows
08. Happy Ever After (Zero Hour)
09. Sunday Rain
10. The Line
11. Concrete and Gold

4 thoughts on “Review | Foo Fighters – Concrete and Gold

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *