Review | Moonlight: Sob a Luz do Luar

Indicado em 8 categorias, Moonlight: Sob a Luz do Luar é o filme com maiores chances de barrar na cerimônia do Oscar no próximo domingo aquela que promete ser uma noite com uma enxurrada de troféus para La La Land: Cantado Estações. Depois de quase duas horas de filme, fica bem claro que o drama de Barry Jenkins tem qualidades de sobra para roubar os prêmios do musical de Damien Chazelle.

Competições a parte, Moonlight é o filme certo e oportuno que merecidamente ganhou notoriedade na temporada de premiações e se contextualiza bem com a atualidade presente nos Estados Unidos e no resto do mundo todo.

O que chama a atenção no filme é a delicadeza com que Barry Jenkins conduz a trama. Apesar de momentos duros e de extrema maldade, o diretor consegue frear todos os tipos de excessos e apresenta os fatos de forma séria e muito humanizada. Existem cenas bastante tocantes que conduzem o expectador a perceberem todos os tipos de sentimentos existentes na tela.

Moonlight é um filme afetuoso que em momento algum cai na caricatura ou em clichês. É um filme que percorre caminhos difíceis e toca em temas delicados, ambientando os acontecimentos em meios sociais ásperos onde para sobreviver exige-se que os personagens façam concessões sobre as suas identidades e escolhas.

Dividido em três partes, o longa explora as fases da vida do protagonista Chiron a ponto de deixá-lo bem construído para a plateia que acompanha toda a sua jornada de autoconhecimento. Os três atores conseguem passar nas três fases distintas a sensibilidade que o personagem exige, dando credibilidade para a história e para o filme. Apesar de quase monossilábicos, os três atores constroem um único personagem que amadurece diante das câmeras. O olhar triste é mantido e as poucas palavras ditas saem com sacrifício diante de tanta dor.

Mahershala Ali, presente na primeira parte, é a figura masculina e generosa que o jovem protagonista vai buscar. Juan, longe de esteriótipos, é protetor e sempre presente na vida do garoto. A cena mais simbólica do filme ocorre quando Juan leva Chiron à praia pela primeira vez e o ensina a nadar, deixando que ele siga sozinho pelas águas. Extremamente bem filmada a cena ficará registrada na memória por um bom tempo.

Presença marcante, mesmo com uma personagem mais comum, Naomi Harris brilha em cena como a mãe viciada do protagonista. Presente nas três partes do filme, Naomi encontra a delicadeza e a explosão necessária para mostrar as nuances da personagem em variados tempos de sua vida.

Desde Brokeback Mountain não se via um filme tão sensível para retratar a descoberta da sexualidade e da identidade. Assim como fez Ang Lee, Barry Jenkins também leva sua história e seus personagens para um lugar com poucas oportunidades, na esperança de triunfarem sobre o amor e sobre quem realmente são.

Moonlight pode até não ganhar os prêmios principais mas dificilmente passará em branco para aqueles que tiverem coragem para assisti-lo.

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