Review | Os Guardiões

Se lembram da época em que estavam na escola e surgia um professor, da disciplina que você mais odiava, lhe pedindo um trabalho na sexta-feira, para ser entregue na segunda? Era bem frustrante, especialmente quando naquele fim de semana você iria jogar futebol, assoprar umas fitas de Super Nintendo, encher a pança juvenil com leite e Passatempo, além de dormir bem mais tarde no sábado aguardando filmes inapropriados para a sua idade na Bandeirantes? Pois bem, você fazia qualquer coisa: uma vez que a cópia estrita era certeza de um zero, você usava seu arsenal de substantivos, trocava a ordem dos parágrafos… ou seja, fazia uma releitura de uma cópia, que no auge da preguiça, conseguia ser ainda mais sem sentido do que o original. Assim é o filme Os Guardiões.

A história do filme é simples: durante a Guerra Fria, foi criada uma organização secreta chamada Patriota, que lidava com experimentos genéticos, e criou 4 super soldados. O Cientista maluco responsável pelo projeto endoidou, tentou se voltar contra o governo e numa explosão do seu laboratório adquiriu poderes. Nos dias de hoje ele decide buscar vingança contra o mundo, e para deter seu plano maligno que consiste em tomar controle dos satélites globais e consequentemente de “todas as máquinas da terra”, os Power… digo, Os Guardiões são reunidos pelo governo russo. Onde eles estiveram durante todo esse tempo? Talvez no Bate-papo Uol, mas que estavam bem escondidos, isso estavam – a exceção da heroína que usava seus poderes tranquilamente durante apresentações circenses onde ficava invisível em meio ao espetáculo. Fosse em qualquer local do mundo, as pessoas achariam isso estranho, mas na Rússia tudo é válido.

Assim, somos apresentados aos quatro heróis da trama: Arsus, Ler, Khan e Xenia que respectivamente tem como poderes se tornar um urso  que sempre recupera as calças após se transformar (!), levantar pedras com a telecinese (!!)  um super velocista com laminas redondas (!!!) e se tornar invisível.  Todos reunidos por uma espécie de Nick Fury branca e sem carisma algum. Mas uma coisa temos que admitir quanto à ela: com uma frase já convenceu cada um dos heróis a, 1) se tornarem heróis, pois nunca o foram e 2) enfrentarem o antigo criador, que é um vilão superpoderoso e quer destruir o mundo.

Além disso temos o estúpido supervilão Kuratov, que além de parecer um cosplay do Abobo daquele filme live action do Double Dragon, tem o poder de irritar o espectador, além colocar dois dedos na cabeça e se concentrar… e assim fazer praticamente tudo que quer. É quase um Aladdin do Bud Spencer.

Os Guardiões sofre de um problema bem simples: ele existe o roteiro.

A parte técnica ainda dá pra relevar, levando-se em consideração que essa é uma obra de fora do eixo hollywoodiano. Os efeitos especiais chegam a ser bons e bem usados em alguns momentos, como nas cenas envolvendo Khan, o rapidinho – que embora sejam repetitivas, são visualmente muito bem construídas, e digo mais, a melhor coisa que este filme vai lhe proporcionar. É claro que nos momentos em que um urso portando uma metralhadora entram em cena, parecendo um personagem do Tekken renderizado por um PlayStation 3 ou mesmo quando pedras de isopor são atiradas contra um vilão de látex as falhas se evidenciam. A trilha sonora, se não é primorosa, não chega a incomodar tanto, embora seja extremamente previsível. Mas o roteiro…

Desde a falta de motivações que levam os heróis a embarcarem nessa jornada, até a forma como usam os poderes, o vilão, a equipe que recruta os heróis, a forma como um palhaço daqueles toma conta de uma nação feito a Rússia, a forma estúpida como o filme é concluído, os conflitos que os personagens vivem numa cena, e em outra já se esqueceram completamente… Rapaz, deve ter rolado uma vodka adoidada durante o processo de escrita desse roteiro. Aí, com a amnésia gerada pela ressaca, o escritor dava continuidade da maneira como ele achava que as coisas haviam acabado… só isso pode explicar.

O final, pra lá de previsível, indica que haverá uma continuação… mas fica aqui o aviso ao Sr. Putin: tome cuidado com esse vindouro filme, pois se mantiver o nível baixíssimo de atuação, roteiro, efeitos visuais, caracterização e tudo mais, a ONU pode lhe impor alguma sanção por conta de vocês estarem lidando com esse tipo de bomba.

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