Review | Polícia Federal: A Lei é Para Todos

Iniciada em março de 2014, a Operação Lava Jato da Polícia Federal, que apura um esquema de lavagem de dinheiro que envolve políticos, empresários e grandes organizações, tem páginas que parecem terem sido escritas por mentes brilhantes, com reviravoltas de dar inveja a qualquer trama política já vista nos cinemas ou em séries, com isso, logo a produção cinematográfica foi financiada por investidores anônimos e lançada nos cinemas baseada no livro homônimo de Carlos Graieb e Ana Maria Santos.

Polícia Federal: A Lei é Para Todos tinha potencial para tratar um capítulo amargo de nossa política com seriedade, porém o filme tem ares novelescos, atuações caricatas e, o pior, uma balança que pende só para um lado. A princípio, isto não seria problema nenhum, desde que o filme se comprometesse em ser fiel ao seu propósito, sem hipocrisia ou demagogia.

Apesar do início com ar documental e uma narração que traz tiradas oportunas com nossa história corrupta, o desenrolar do filme toma um rumo extremamente partidário, involuntariamente cômico e sem tensão alguma.

A comicidade involuntária está presente no filme a todo instante, desde momentos rápidos como o aparecimento do “japonês da federal” até um simples “alô” de Ary Fontoura imitando Lula. Tudo tão fora do tom que faltou discernimento ao diretor Marcelo Antunez para trazer um thriller policial/investigativo nos moldes de Spotlight: Segredos Revelados.

A edição é confusa e o roteiro com muita informação acaba deixando o espectador sobrecarregado. Etapas da Operação Lava Jato são puladas, mostrando só um dos partidos investigados e deixando outros de fora, sem maiores explicações.

Os investigados são extremamente caricatos e mostrados sempre de maneira jocosa ou rasa, Alberto Youssef (Roberto Birindelli) é o piadista, Marcelo Odebrecht (Leonardo Medeiros) é o frio ricaço que fala pouco mas que sempre parece muito ameaçador, Paulo Roberto Costa (Roney Facchini) é austero a princípio, mas na cena seguinte se mostra facilmente manipulável, e o mais ridículo, o ex-presidente Lula (Ary Fontoura) só profere palavrões e esbraveja contra os delegados e policiais. Em contrapartida, todo o núcleo de personagens da Polícia Federal é tratado com mais carinho e leveza, inclusive mostrando alguns dramas pessoais de certos personagens, algo totalmente descartável à trama.

Os diálogos apartidários são forçados e causam risos que não deveriam existir. Os personagens tentam a todo instante nos convencer com frases como “não ataco partidos, investigo pessoas”, só que a edição dá um tiro no pé ao mostrar, na sequência dessas negações, investigações exclusivamente contra o PT, além de piadas com nomes das fases das operações (“estrela cadente”) e sugestões dos personagens contra Lula. Sobra até para a imprensa, que tem um papel que não dá pra levar a sério, retratada por uma jornalista que faz questões enraivecidas, tomando partido e servindo de contraponto aos defensores da lei.

Um filme ruim que dá início a uma trilogia que ainda pode reverter o quadro, desde que equilibre a balança ou que assuma de uma vez por todas o que realmente é.

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