Review | Soundtrack

O novo projeto da dupla de diretores 300ml (O Código Tarantino), Soundtrack, traz Selton Mello (O Cheiro do Ralo) e Seu Jorge (Reis e Ratos) numa história que acompanha Cris (vivido por Selton Mello), um artista que viaja para uma isolada estação de pesquisa na Islândia para trabalhar em um projeto pessoal que tem como propósito tirar selfies no local isolado e posteriormente exibi-las, agregando uma trilha sonora, para que os espectadores de sua obra tenham uma experiência intimista.

Os demais habitantes da estação, outros quatro cientistas, não recebem Cris muito bem e cabe a ele provar para os demais que não é apenas um artista de ego inflado passando férias no local. O personagem de Seu Jorge, Cao, um botânico que também está envolvido em um projeto, funciona como alívio cômico e válvula de escape para o português – já que o filme é praticamente todo falado em inglês.

Outro nome importante no elenco é Ralph Ineson (A Bruxa) que interpreta Mark, uma espécie de tutor de Cris no local e que o recebe em seu alojamento, mesmo que contrariado. Com o passar dos dias, ambos dividirão momentos e terão reflexões que os farão rever seus conceitos. O ator inglês é o grande destaque do longa, trazendo um personagem imponente e uma atuação que emociona.

A dupla 300ml conduz o filme muito bem, dando uma perfeita sensação de isolamento por meio de sequências em plano aberto na neve, fazendo-nos ter ciência dos dramas de cada personagem da estação por viverem em um local tão hostil.

O nome do filme tem ligação direta ao projeto de Cris e a trilha sonora no longa também é muito bem inserida, mesmo que por vezes não a escutemos, as sensações e olhares dos personagens são tão intensos que ela não se faz necessária.

O filme nada mais é que um belo estudo sobre a arte na vida e a fé que depositamos naquilo que buscamos e acreditamos. Os diálogos entre Cris e Mark são contemplativos e geram ótimo debate.

É interessante notar que a dupla 300ml não se preocupa em dar ao espectador uma história mastigada e tampouco explicar detalhes que podem ficar subentendidos, dando a cada espectador o seu momento de reflexão ao final do filme.

 

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