Review | The Mummy Demastered

A história não é necessariamente favorável quando o assunto é jogos adaptados de filmes. Esse link do Screen Rant deixa isso bem claro). O caminho inverso também não foi lá essas coisas (tenho certeza que você já assistiu aquele filme do Super Mario Bros., ou então o Street Fighter com Jean-Claude Van Damme). Por isso, quando a WayForward chegou com um título que seria uma adaptação do mais recente filme da franquia A Múmia (sim, aquele insosso com o Tom Cruise), a expectativa, digamos, não foi das melhores. Lançado para PC, Nintendo Switch, PS4 e Xbox One, The Mummy Demastered faz um bom esforço para tentar ser a exceção à regra, mas ainda derrapa em questões cruciais para um jogo do gênero que se propõe.

Apesar do retrospecto citado acima, a esperança depositada em The Mummy Demastered era boa para as pessoas que já conheciam o trabalho anteriormente realizado pela WayForward, produtora da série Shantae, bastante elogiada principalmente em razão de sua bela direção de arte. E não podemos negar, nessa questão, a WayForward acertou novamente.

The Mummy Demastered é um metroidvania em pixel art, lembrando os saudosos jogos do gênero que muita gente desfrutou no seu Mega Drive e Super Nintendo na década de 90 (por isso o título Demastered). Correndo paralelamente aos eventos do filme (ou seja, não precisa assistir ao longa para absorver a experiência), você encarna não apenas um, mas diversos agentes da corporação Prodigium, que tem como objetivo derrotar Ahmamet, a múmia que está a solta, instaurando o caos em todo o mundo.

A história, como se nota, não é nada demais, mas o destaque de The Mummy Demastered não reside em seu conto, mas sim em seu carisma em forma de pixels. Mesmo com personagens genéricos, sem identidade alguma (os inimigos que você encontra no jogo são ainda piores neste aspecto), a beleza com que a direção de arte mostra a ação e, principalmente os cenários, com efeitos de iluminação competentes, faz do título um jogo que merece a sua atenção visual.

Não somente os olhos, mas seus ouvidos também devem estar atentos. Com uma trilha sonora composta basicamente por sintetizadores, as músicas embalam a aventura de forma fluída e coesa com o que acontece na tela. Mesmo que possam soar repetitivas conforme você avança pelas áreas e retorna para elas depois, os arranjos são bem feitos e transmitem a energia necessária para a ação e exploração decorrente no jogo.

Mas se o assunto é atenção, desta vez quem não a depositou devidamente foi a WayForward. Em The Mummy Demastered o estúdio nos apresenta um metroidvania que possui inspirações em mecânicas da séries Souls, ou seja, quando você morre, perde todos os seus itens e precisa retornar ao local para recupera-los. No entanto, aqui, a cada morte você volta na pele de um novo agente que, além de retornar ao local, precisa derrotar o agente anterior – que agora é um morto-vivo e que está com todo o seu arsenal – munido apenas da quantidade de vida e equipamento inicial do jogo.

É óbvio que você não passa ileso deste confronto e é mais óbvio ainda como esta mecânica se torna frustrante, principalmente nos chefes. Difíceis (afinal, eles são chefes), você irá morrer algumas vezes e em cada uma delas você terá que enfrentar o seu ex-soldado novamente. Este combate irá te ferir e obrigar você a retornar a algumas áreas para coletar mais munição e vida para conseguir enfrentar o chefe com a maior vantagem possível. Todo esse processo é, sem dúvida, monótono e frustrante.

Ainda protagonizado por esta mecânica, em um determinado momento do jogo, The Mummy Demastered mostrou para mim que não soube dosar sua dificuldade. Foi neste ponto que eu desisti do título. Logo após o terceiro chefe, as áreas seguintes possuem um pico de dificuldade absurdo e isso fez com que eu chegasse a uma situação de ter três agentes mortos em campo. Isso mesmo, para continuar, eu precisaria transpor (além dos inimigos normais) três agentes (um deles munido de muita vida e munição). O resultado foi um ciclo interminável e frustrante de morte atrás de morte, que me fez desinstalar o jogo e, com certeza, nunca mais instalá-lo novamente.

Mas o maior problema de The Mummy Demastered está, basicamente, no seu conceito e como ele o executa. Como um metroidvania, as idas e vindas para as áreas que o jogador já percorreu são recorrentes. A cada novo item ou habilidade adquirida, os cantos escuros do mapa tornam-se atrativos para que você volte até eles para explorá-los. Porém, houve uma situação no jogo em que meu personagem conseguiu, de alguma forma, alcançar um local que não deveria naquele momento e quando resolvi voltar de onde havia partido meu agente não conseguia transpor o obstáculo novamente. Fiquei preso em uma área em razão de uma falha no level design que não deveria existir em jogos deste tipo. Só consegui me livrar da situação reiniciando o jogo.

Além disso, a exploração é parte intrínseca da experiência do jogador em um metroidvania. O cenário e o mapa precisam ser convidativos, como se apontassem para você “Olha! Você ainda não veio aqui, mas agora já consegue! Vamos lá?”. Mas The Mummy Demastered falha neste aspecto com um mapa confuso e pouco explicativo para o jogador. Nele, áreas mais escuras significam que ainda não foram exploradas e a sua frustração ao conseguir desbloquear um pulo mais alto e voltar para uma dessas áreas para descobrir que a área mais escura nada mais é do que o céu do cenário não está escrito em nenhum hieróglifo egípcio. Neste mapa não existe também uma marcação de locais que ainda estão fechados por algum obstáculo, para que você possa identifica-los mais tarde e voltar rapidamente a eles. Depois de algumas horas de jogo, é impossível o jogador se lembrar onde está determinada porta que agora é possível de se abrir sem que haja, ao menos, uma linha vermelha no mapa demonstrando isso.

 

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Este review foi produzido com uma cópia de Xbox One cedida pela assessoria de imprensa da WayForward

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