This is Us foi a estreia mais comentada da última fall season da TV americana. Exibida pela rede NBC entre os meses de setembro de 2016 e março de 2017, a série se tornou um grande sucesso, sendo o programa mais assistido da emissora nos últimos 13 anos. Criado por Dan Fogelman, This is Us traz Milo Ventimiglia, Mandy Moore, Sterling K. Brown, Justin Hartley, Chrissy Metz, Susan Kelechi Watson, Chris Sullivan e Ron Cephas Jones no elenco. A primeira temporada contou com 18 episódios e foi indicada ao Globo de Ouro como Melhor Série Dramática. Sem perder tempo, a NBC já renovou a série para mais duas temporadas. Sua exibição no Brasil continua inédita.
O drama familiar que conquistou os americanos acompanha as vidas entrelaçadas de seus personagens, em épocas e tempos diferentes, bem como conexões entre si, surpreendendo o espectador a cada episódio com acontecimentos que dificilmente alguém imaginaria.
Não é difícil entender o motivo de tanto sucesso. A série estreou num momento bem apropriado da história dos Estados Unidos. Enquanto muitas emissoras se renderam a séries mais elaboradas e realistas – que nem sempre conquistam a empatia do público e a audiência – ou seguiram tendências com produções envolvendo super-heróis, mistérios juvenis, comédias batidas ou adaptações, reboots ou remakes, a NBC ousou e acabou se dando muito bem. Num momento tão complicado e cruel que os americanos vêm enfrentando, a série surgiu como uma fuga para amenizar os absurdos cometidos pelas decisões do presidente Donald Trump.
This is Us tem um enredo de fácil aceitação, sendo ao mesmo tempo alegre e emocionante, exaltando as virtudes e os defeitos do ser humano. As reviravoltas dramáticas certamente foram as escolhas mais acertadas do roteiro, que conseguiu levar o espectador mais sensível às lágrimas por diversos momentos. São truques baratos e conhecidos, mas que não ofendem a inteligência de ninguém.
A história da família Pearson se desenrola em duas cronologias. A primeira, nos anos 1980, a partir da gravidez de Rebecca (Mandy Moore). Ela e o marido, Jack (Milo Ventimiglia), esperam trigêmeos, dois meninos e uma menina. Um dos bebês morre no parto, e o casal adota uma criança que encontra na maternidade, Randall, um menino negro. Em outra narrativa, seguimos a ação nos dias de hoje. Os gêmeos se tornam Kevin (Justin Hartley), ator de seriados; Kate (Chrissy Meltz), que sofre com a obesidade; e Randall (Sterling K. Brown), advogado e o mais bem-sucedido do trio.
Dessa forma, a série vai unindo passado e presente para contar a história dos Pearson’s, que desde o começo já sabemos não se tratar de uma família perfeita. Pelo contrário, há muita mágoa, ressentimento e problemas na convivência deles, mas também muito amor e cumplicidade. Essa premissa permite que o espectador perceba que essa é uma família como qualquer outra da vida real, se apaixonando assim pela história.
Ao apresentar os personagens, percebemos que cada um deles está em encruzilhadas e momentos cruciais de suas vidas, travando lutas com as quais os espectadores podem se identificar. Kevin aparentemente tem uma ótima vida, é um ator famoso rodeado de mulheres, mas a falsa felicidade faz com que ele enfrente muitas dificuldades quando decide mudar os rumos de sua vida assumindo sua carreira, levando-o para novos projetos que dificilmente são bem vistos pelos amigos. A nova etapa de sua vida faz com que ele também batalhe por um antigo amor.
Kate enfrenta a obesidade e a difícil tarefa de ser aceita na sociedade e em se aceitar. Com a ajuda do namorado, ela vai descobrindo que tem motivos para ser feliz, mas um trauma do passado não permite que ela se entregue por inteiro na relação. Já Randall dedicou toda sua vida adulta para o trabalho. É extremamente bem-sucedido, mas sua vida se transforma quando encontra seu pai biológico. Essa nova fase marcada pela doença do pai, fará com que Randall redescubra sua família, definindo os rumos de seu futuro.
Além do drama dos filhos, a série explora muito bem a história dos pais. Rebecca e Jack são o fio condutor da trama. A química entre Mandy Moore e Milo Ventimiglia é tão impressionante que qualquer novidade na história dos dois – alegres ou tristes – fazem com que o espectador vibre e se emocione.
Mesmo sendo um drama familiar sem maiores novidades, This is Us pode se orgulhar de pegar um tema já desgastado e apresentá-lo de forma sincera e emocionante, garantindo surpresas em grande parte pela excelência do roteiro. Nos 18 episódios apresentados, a trama jamais esfria ou perde a força, os acontecimentos se renovam e garantem o interesse até o final. Temas como superação, autoaceitação e perda estão presentes para fazer o espectador se comover, mas também para lembrar que a série se trata de seres humanos em suas mais variadas formas e contextos.
Indiretamente, a série é a representação mais convincente e atual ao falar sobre o amor, o respeito e a aceitação ao próximo. Torna-se, mesmo sem querer, uma grande arma contra o governo de Donald Trump.
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