Divertida Mente 2 já é o maior sucesso de bilheteria do ano, superando Duna 2 e resgatando a mística da Pixar, que há tempos vivia de filmes burocráticos. A fase do estúdio da luminária foi agravado pela decisão da nave-mãe Disney de lançar várias produções pós pandemia diretamente no streaming. Para quebrar o jejum de sucessos, tiveram que apelar para a última franquia inquestionável do estúdio. Embora bem pensado e elaborado, não deixa de ser mais do mesmo.
Nesta continuação, a menina Riley chega à adolescência e às mudanças trazidas pela puberdade, e está prestes a entrar na high school, um rito e passagem. As mudanças hormonais e as perspectivas para o futuro causam consequências drásticas na sala de controle das emoções, que estão gerando incontáveis memes na internet. Alegria, Tristeza, Medo, Raiva e Nojinho conhecem os colegas Vergonha, Inveja, Tédio e, especialmente, a antagonista Ansiedade, que vai liderar um 8 de janeiro na cabeça da menina.
Dizem que o roteiro teve a colaboração de psicólogos e outros especialistas, e embora haja momentos muito bons, como o ataque de ansiedade, não há nenhuma passagem que receberia a aprovação do próprio Freud, como a cena do inconsciente do primeiro filme, muito menos a originalidade. Nem toda continuação é necessariamente inferior, vide Shrek 2 ou Toy Story 3 (que deveria ter sido o perfeito fechamento do arco dos brinquedos, mas não foi), mas aqui não há como evitar a comparação e considerá-la menor e até desnecessária. Divertida Mente não nos dá um Gato de Botas nem um encerramento, visto que está na cara que haverá pelo menos uma terceira animação (e, cá entre nós, uma cena pós-crédito ao estilo MCU – ou seja, depois de todos os letereiros – era mesmo necessária?).
Digo isso do ponto de vista do crítico. Não há como ignorar a reação do público-alvo numa sessão vespertina cheia de crianças, em que até se ensaiou aplausos ao final. O importante é a emoção e o entretenimento? Sim, mas enquanto o cinema ficar apelando para franquias consagradas, vai ficar num círculo vicioso e viciante.
