O Oscar de Animação, categoria que cada vez mais ganha peso, este ano ficou entre Divertida Mente 2, da Pixar/Disney, a maior bilheteria do gênero no mundo não-chinês; Flow, a grande zebra vinda da Letônia e que acabou levando a estatueta; e Robô Selvagem, favorito de muitos e produzido pela Dreamworks, mesmo estúdio de Shrek.
Como só vi o filme agora, depois do Oscar e de assisit Flow, a comparação é inevitável, mesmo não sendo o ideal. Afinal, a obre deveria ser avaliada por si. Mas, enfim… O importante para quem, como eu, perdeu quando ele passou nos cinemas, é que ele acaba de entrar no catálogo do Prime Video.
Uma embarcação carregada com robôs de última geração naufraga no litoral de uma ilha habitada só por animais e apenas um dos autômatos sai do desastre funcional. Rozzum 7134, ou Roz, seu apelido, busca cumprir sua programação mas não acha ninguém para lhe dizer o que fazer. Após alguns percalços, acaba caindo sobre um ninho de gansos selvagens, matando a mãe e quase todos os ovos. Apenas um sobrevive, o filhote Bico-Vivo, e Roz toma para si a missão de criá-lo até que fique apto a migrar com os demais de sua espécie. Para isso, acaba tendo a ajuda não muito voluntária da raposa Astuto, um solitário que inicialmente tenta incluir Bico-Vivo em sua dieta, mas aos poucos acaba se afeiçoando a Roz e seu filho adotivo.
Embora bonito, bem executado, com estrelas como Lupita Nyong’o, Pedro Pascal e Mark Hamill fazendo a dublagem original, o roteiro não consegue fugir do lugar comum. A tecnologia vira mágica quando Roz consegue não apenas traduzir o que os animais falam, como, do nada, eles passam a se comunicar entre si. O coração da trama é a relação mãe e filho da robô com o pássaro adotado, muito convencional, e o vilão é a misteriosa comporação que fabrica os autômatos e que por algum motivo precisa da memória de Roz. E os bichos, diante de uma catástrofe na ilha, se unem esquecendo a cadeia alimentar. Mais Disney, impossível;
Essas questões ficam mais evidentes ao se comparar com Flow, que não só não tem humanos, como os animais tampouco são “humanizados”. A relação entre os bichos é construída aos poucos e de forma orgânica, sem apelos emocionais. Parece que os critérios de excelência em animação vêm mudando se levarmos em conta que há três anos a Disney/Pixar não leva o Oscar de Longa de Animação e, se considerarmos os dois últimos – O Menino e a Garça e Flow – a poesia vem ganhando espaço.
Enfim, a animação dirigida por Chris Sandres – de Lilo & Stich, Como Treinar o seu Dragão e Os Croods – ´é um ótimo entretenimento agora disponível em um dos streamings mais populares, mas em termos de inovação de linguagem e criatividade do roteiro, fica no convencionai.
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