As últimas sexta-feiras tem sido de muita diversão para este velho nerd: é o dia em que chegam no Brasil os episódios de O Mandaloriano e Star Trek Discovery.
A série do universo Star Wars virou carro-chefe da Disney + neste mês de aterrisagem em território brasileiro, a ponto de ter seus dois primeiros episódios exibidos no horário nobre da Globo, marcando a estratégia de parceria com a Globoplay. O quinto episódio da segunda temporada, que foi ao ar neste dia 27, foi especial. Todos os fãs das ótimas séries animadas Star Wars cobravam a integração de seus personagens com as produções live action, e finalmente vimos uma das mais queridas em carne e osso: Ahsoka Tano, ex-discípula (padawan) de Anakin Skywalker (o futuro Darth Vader) que estreou em Clone Wars e também participou de Rebels. Além disso, foi citado o grande vilão dessa última produção, o Almirante Thrawn. Vitória de David Filoni, idealizador das séries animadas e que dirigiu o episódio.
A escalação de Rosario Dawson – a única atriz a participar de todas as séries Marvel da Netflix – como a jedi renegada também é um exemplo de como o showrunner Jon Favreau (o cara que deu o pontapé inicial no MCU com Homem de Ferro, é bom lembrar) tem usado as participações especiais para sublinhar as influências de O Mandaloriano, especialmente nesta segunda temporada. Já no primeiro episódio, O Xerife, o mais faroeste de uma série com toda a cara de bang bang, quem dá as caras é Timothy Olyphant, astro de Deadwood e Justified, que voltou a usar o chapéu de cowboy em Era uma vez em Hollywood. No terceiro, A Herdeira, quem aparece como uma líder mandaloriana é Katee Sackhoff, que virou fetiche geek (vide The Big Bang Theory) como a capitã Kara Starbuck em Battlestar Galactica. Neste quinto, A Jedi, além de Rosario, houve a participação de Michael Biehn, mais conhecido como o Kyle Reese de O Exterminador do Futuro original.
As referências de O Mandaloriano, além dos easter eggs da própria franquia (atenção para o final do 1º episódio da segunda temporada!), são o faroeste – já que o protagonista é caçador de recompensas – e filmes de samurai, especialmente este último episódio, com direito a luta entre duas guerreiras no melhor estilo Kill Bill. Mas algo que tem passado batido é a óbvia citação do mangá Lobo Solitário, em que o samurai errante Itto Ogami percorre o Japão empurrando o carrinho de bebe com seu filho Daigoro, em burca de vingança contra o clá Yagyu, que causou sua desonra. O mandaloriano interpretado por Pedro Pascal (Kingsman: O Círculo Dourado) carrega o baby Yoda (que ganha um nome, afinal) em suas missões de forma semelhante, em busca de um destino para a criança de 50 anos e a restauração de Mandalor para seus guerreiros. Torço para a aparição de Sabine Wren, a mandaloriana de Rebels.
Discovery
Após uma boa primeira temporada (em que eu só não gostei do visual novo dos klingons) e uma segunda mais ou menos (mas que, pelo menos, apareceram Spock e Pike), a terceira fornada de Star Trek Discovery parece dedicada a restaurar o espírito idealista da Série Original e de A Nova Geração.
Lançados quase mil anos no futuro, para salvar a vida consciente do universo, Michael Burham (Sonequa Martin-Green, de The Walking Dead) e a tripulação da Discovery descobrem uma realidade muito diferente do que esperavam, marcado por um evento catastrófico que quase destruiu a Frota Estelar. Diante de uma galáxia sem lei e dominada por gangues, eles assumem o desafio de desvendar o grande mistério em busca da restauração da Federação e de seus ideais. Neste sétimo episódio, Unicicação III, eles se dirigem a N’Var, a antiga Vulcano, que recebeu os sobreviventes de Romulus (destruída por uma supernova, com ficamos sabendo no reboot Star Trek, de J.J. Abrahams) e os dois povos separados por milênios pela filosofia, tentam agora viver num meio termo. Pela primeira vez aparece a imagem de um personagem original, o Spock de Leonard Nimoy, irmão de criação de Michael e artífice da união de vulcanos e romulanos.
O salto temporal da Discovery, da contemporaneidade da Enterprise de série original para novecentos anos no futuro, resolve vários problemas, como consequências para a continuidade com os programas que se passam no futuro 9todos, com exceção de Enterprise) e questões de design e tecnologia (como o aspecto muito mais moderno da Discovery e seus uniformes em comparação à série original, feita nos anos 60). Também responde à pergunta que existia desde a primeira temporada: onde foi parar a tecnologia da viagem por meio de micélios, marca registrada da nave Discovery?
A série que vem sendo exibida pela Netflix é que vem mantendo vivo o legado de gene Rodenberry, especialmente diante da indefinição dos longa-metragem com Chris Pine e Zachary Quinto (ninguém sabe quando e se haverá um novo filme) e do relativo fracasso de Piccard (foi um evento nostálgico, mas para funcionar é preciso rejuvenescer elenco e histórias).
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