A Mostra Internacional de Cinema em São Paulo apresenta o cartaz da 49ª edição, com arte criada pelo escritor português Valter Hugo Mãe, autor de títulos célebres da literatura contemporânea como A Máquina de Fazer Espanhóis, O Filho de Mil Homens, A Desumanização e Homens Imprudentemente Poéticos.
Também artista plástico, Valter tem um trabalho visual que dialoga com o que escreve: é detalhista, cheio de repetições gráficas, obsessões e gestos quase caligráficos que lembram a sua cadência textual.
Em desenhos e pinturas, explora linhas sinuosas, padrões acumulativos e imagens que evocam tanto o orgânico (plantas, corpos, cabelos, ondas) quanto o imaginário (criaturas, olhos, símbolos).
Renata de Almeida, diretora da Mostra, conta que ao ver o pôster pela primeira vez, pensou no processo curatorial. “Pensei no trabalho de curadoria como um mar de filmes com algumas pérolas. Porque é justamente esse o trabalho de curadoria que um festival como a Mostra faz”.
A 49ª edição da Mostra também vai exibir De Lugar Nenhum, realizado por Miguel Gonçalves Mendes (conhecido por filmes documentais como José e Pilar, de 2010, e O Sentido da Vida, de 2022), documentário que faz um retrato delicado de Valter Hugo Mãe.
O longa-metragem foi filmado durante sete anos e acompanha os processos criativo e de escrita do livro A Desumanização, cuja história se passa na Islândia.
Macau, Brasil e Portugal também são cenários da obra, que conta com participações especiais como dona Antónia, mãe de Valter, e a cartunista Laerte.
O Filho de Mil Homens
Para celebrar Valter Hugo Mãe, a 49ª Mostra ainda vai exibir o longa-metragem O Filho de Mil Homens, da Netflix.
Com direção de Daniel Rezende (Bingo: O Rei das Manhãs) e protagonizado por Rodrigo Santoro, o filme é uma adaptação do best-seller homônimo do português lançado em 2011 — e a primeira obra do autor a ser adaptada para o cinema.
A história acompanha Crisóstomo (Santoro), um pescador solitário que sonha em ter um filho. A vida desse homem muda quando ele encontra Camilo (Miguel Martines), um menino órfão que decide acolher.
Em uma tentativa de fugir da própria dor, Isaura (Rebeca Jamir) cruza o caminho dos dois, e, em seguida, Antonino (Johnny Massaro), um jovem incompreendido, também se conecta a eles. Juntos, os quatro aprendem o significado de família e o propósito de compartilhar a vida.

Filmes Inéditos
A 49ª Mostra exibe filmes inéditos no Brasil, muitos deles premiados nos principais festivais cinematográficos internacionais.
Entre as obras já confirmadas para esta edição estão:
– Sound of Falling, de Mascha Schilinski, vencedor do prêmio do júri do Festival de Cannes e selecionado pela Alemanha para disputar a indicação ao Oscar de Melhor Filme Internacional
– Living the Land, de Meng Huo, que venceu o Urso de Prata de Melhor Direção no Festival de Berlim
– Urchin, ganhador do prêmio de Melhor Ator (para Frank Dillane) da mostra Um Certo Olhar do Festival de Cannes, além do prêmio da crítica da mesma seção. A produção marca a estreia na direção do ator Harris Dickinson, de Babygirl (2024) e Triângulo da Tristeza (2022)
– La Petite Dernière, de Hafsia Herzi, que levou o prêmio de Melhor Atriz (para Nadia Melliti) do Festival de Cannes, além da Palma Queer
– Mirrors No. 3, novo trabalho do cineasta alemão Christian Petzold (Undine)
A 49ª Mostra Internacional de Cinema em São Paulo acontece na capital paulista de 16 a 30 de outubro de 2025.