No embalo da ótima recepção no Festival de Veneza e das críticas positivas na imprensa internacional, Ainda Estou Aqui foi escolhido pela Academia Brasileira de Cinema para representar o País no Oscar. O filme de Walter Salles é baseado no livro autobiográfico homônimo de Marcelo Rubens Paiva, e conta a história de sua família a partir do desaparecimento do pai, o ex-deputado Rubens Paiva (vivido por Selton Mello), sequestrado e morto pela ditadura militar. A protagonista é a mãe, Eunice, interpretada na maior parte da história por Fernanda Torres, e na velhice por Fernanda Montenegro. O filme terá que passar por algumas etapas para ficar entre os cinco finalistas que participarão da cerimônia da Academia de Ciências e Artes Cinematográficas. A última produção brasileira a ser indicada ao Oscar foi Central do Brasil, também de Walter Salles, em 1999, quando Fernanda Montenegro também concorreu ao prêmio de Melhor Atriz. Não acho que o pior foi nossa grande dama da atuação perder para Gwyneth Paltrow – numa festa da indústria americana, consagrar um talento da casa faz todo sentido – mas o péssimo A Vida é Bela ganhar como Filme Estrangeiro é realmente de lascar.
A escolha de Ainda Estou Aqui para disputar o principal prêmio do cinema parece sensata, especialmente depois da Academia Brasileira cometer equívocos seguidos, como O Grande Circo Místico em 2019 (horrível); A Vida Invisível em 2020 (Bacurau era muito melhor filme e candidato); ou Retratos Fantasmas, em 2024 (é bom, mas um documentário sobre cinemas de Recife não tinha chance nenhuma).
Agora, nosso candidato vem no hype de 10 minutos de aplausos em Veneza, o prêmio de Melhor Roteiro do festival e especialistas apontando a atuação de Fernanda Torres como possível candidata ao Oscar de Atriz.
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