Polêmico Emilia Pérez chega em pré-estreia ao Brasil

O premiado e polêmico Emilia Pérez, indicado a 13 Oscar, chega em pré-estreia aos cinemas de Indaiatuba nesta semana.

Os outros lançamentos são o também indicado ao prêmio da Academia de Hollywood (em duas categorias), A Verdadeira Dor, o terror O Homem do Saco, e o filme de ação Covil de Ladrões 2.

Seven – Os Sete Pecados Capitais volta aos cinemas para celebrar os 30 anos de seu lançamento e o brasileiro Baby é atração do Cine Cult na próxima terça-feira, dia 3.

Principal concorrente de Ainda Estou Aqui no Oscar de Filme Internacional, Emília Pérez, que representa a França, chega à América Latina cercada de polêmicas, especialmente no México, onde a ação se passa.

Mesmo antes de estrear por lá, artistas, intelectuais e críticos vem criticando a produção por conta da visão estereotipada dos cartéis do narcotráfico, do fato de ter sido filmada na França e ter optado por atrizes americanas que não têm fluência no espanhol falado no país.

Viralizaram falas do diretor Jacques Audiard (de Dheepan – O Refúgio) dizendo que não viu necessidade em se aprofundar em estudos sobre o México por “saber o suficiente” e da responsável pelo elenco, Carla Hool, que afirmou não ter encontrado “atrizes mexicanas boas o suficiente para o filme”.

Houve diversas críticas sobre a visão da transição de sexo de Emília Perez, como a do filósofo espanhol Paul B. Preciado, que é transexual, afirmando que o filme é “carregado de racismo e transfobia, exotismo antilatino e binarismo melodramático” e que reforça a “narrativa colonial e patologizante” da transexualidade.

Além disso, fãs de Wicked, que perdeu o Globo de Ouro de Filme Musical ou de Comédia para a produção francesa, detonaram as músicas que parecem ter sido feitas por IA, com letras que não cabem nas canções e com espanhol de Google Translator.

Em matéria de apropriação cultural, os franceses já foram melhores: o vencedor do Oscar de Filme Estrangeiro e da Palma de Ouro em Cannes, Orfeu do Carnaval, foi filmado no Brasil com a maior parte do elenco local e músicas de Tom Jobim, Vinícius de Moraes, Luis Bonfá e Antônio Maria.

Picaretagem: as músicas da peça original foram descartadas para que o produtor Sacha Gordine pudesse faturar com os direitos autorais. Mas, ao menos, tinha alguma autenticidade

A advogada Rita (Zoe Saldana, indicada ao Oscar de Atriz Coadjuvante e ganhadora do Globo de Ouro na categoria) trabalha numa firma focada em encobrir crimes ao invés de servir à justiça.

Cansada dessa dinâmica e de estar desperdiçando seus talentos, ela se depara um dia com uma proposta que pode tirá-la dessa vida: ajudar o chefe de um cartel, Juan Del Monte, o “Manitas” (Karla Sofia Gascón, primeira mulher trans a concorrer ao Oscar de Atriz) a se aposentar da vida de crimes e desaparecer por completo.

O chefão tem aperfeiçoado esse plano em segredo há anos e envolve não só fugir das autoridades, mas afirmar sua verdadeira identidade: Emilia Pérez. Rita, então, ajuda-o em todo esse processo, garantindo que Emília possa finalmente viver seu mais autêntico e verdadeiro eu fora do radar.

O elenco também inclui a popstar Selena Gomez como Jessi, a esposa e mãe dos filhos de Manitas; e Adriana Paz, única mexicana entre os primeiros nomes dos créditos.

A Verdadeira Dor tem roteiro (concorrente ao Oscar) e direção do protagonista de A Rede Social, Jesse Eisenberg.

A trama acompanha David (Eisenberg), um pai reservado e pragmático, e Benji (O indicado ao Oscar de Ator Coadjuvante e ganhador do Globo de Ouro, Kieran Culkin), seu primo excêntrico e boêmio.

Apesar de suas diferenças, eles embarcam juntos em uma viagem à Polônia para homenagear a avó recentemente falecida, participando de uma excursão que revisita memórias do Holocausto e conecta o grupo às raízes familiares.

Durante a jornada, antigas tensões entre os primos ressurgem, transformando a viagem em uma experiência emocionalmente intensa.

À medida que exploram o passado da família e enfrentam as diferenças que os separam, David e Benji são forçados a confrontar suas próprias escolhas e perspectivas de vida.

Em O Homem do Saco, uma família vive um pesadelo após serem perseguidos pela lenda urbana.

Patrick McKee (Sam Claflin, de Como Eu Era Antes de Você) acaba de retornar para sua cidade natal com seu filho Jake (Caréll Rhoden) e sua mulher Karina (Antonia Thomas, da série The Good Doctor).

Quando era criança, o pai de Patrick costuma contar, para ele e seu irmão Liam, a história desse monstro que levava crianças inocentes numa sacola e as devorava.

Convencido de que escapou de um encontro com o homem do saco na juventude, Patrick permanece com os traumas desse dia assombroso até os dias de hoje.

Agora, a entidade parece estar de volta, ameaçando a paz e a segurança de sua família e com o menino Jake na sua mira. A direção é de Colm McCarthy, que trabalhou nas séries Peaky Blinders e Sherlock.

Uma troca de lealdade coloca Big Nick (o action hero Gerard Butler) e Donnie (O’Shea Jackson Jr., de Straight Outta Compton: A História do N.W.A.) do mesmo lado numa operação perigosa.

Em Covil de Ladrões 2, Big Nick está à procura de Donnie, que escapou da Europa e está planejando seu próximo plano: roubar uma carga de diamantes que equivale a mais de 800 milhões de euros do Centro de Diamantes, o prédio mais seguro da Europa Continental.

Dessa vez, porém, Big Nick não quer mais capturá-lo, mas fazer parte do elaborado assalto organizado por Donnie e seu grupo, Os Panteras, deixando para trás seus dias de policial e xerife.

O que ninguém imaginava era que o esquema envolveria os diamantes de outra máfia. Agora, é preciso escapar com vida de uma caçada letal enquanto organizam o maior plano de suas carreiras. O diretor é o mesmo do filme original de 2019, Christian Gudegast.

30 anos de Se7en

Seven – Os Sete Pecados Capitais, de David Fincher, está completando 30 anos e por este motivo está sendo reexibido nos cinemas.

Dois policiais, um jovem e impetuoso David Mills (Brad Pitt) e o outro maduro e prestes a se aposentar, William Somerset (Morgan Freeman), são encarregados de uma perigosa investigação: encontrar um serial killer que mata as pessoas seguindo a ordem dos sete pecados capitais.

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Sessão Cult

A Sessão Cult traz na próxima terça-feira, 4 de fevereiro, o elogiado Baby, segundo longa-metragem do diretor Marcelo Caetano (o primeiro foi Corpo Elétrico, de 2017), e que foi escolhido para participar da 63ª Semana da Crítica do Festival de Cannes 2024.

Baby é o apelido que Wellington (João Pedro Mariano) recebe. Baby é um jovem recém-libertado de um centro de detenção para jovens, que se vê perdido nas ruas de São Paulo.

Durante uma visita a um cinema com foco em produções pornográficas, ele conhece Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa que têm Baby como seu protegido e está determinado a ensinar as malícias da vida e novas formas de sobreviver.

A partir de então, os dois iniciam uma relação tumultuada, marcada por conflitos entre exploração e proteção, ciúme e cumplicidade.

O longa fez um ótimo circuito de festivais pelo mundo e vem sendo colocado pela maioria dos críticos como parte do momento brilhante do cinema brasileiro, encabeçado, é claro, por Ainda Estou Aqui.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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