Morreu na última segunda-feira, 6 de julho, o compositor Ennio Morricone, um dos mais importantes da história do cinema. Formou com o amigo de escola Sergio Leone uma das mais célebres parcerias cineasta-compositor, comparável às de Sergei Eisenstein e Serguei Prokofiev, Alfred Hitchcock e Bernard Herrman, Federico Fellini e Nino Rota.
O maestro estreou na telona em 1961, aos 33 anos em O Fascista, de Luciano Salce, mas é com o western spaghetti Por um Punhado de Dólares (1963) que ficou famoso, tanto pelo sucesso do filme quanto pela criatividade da trilha. Ele assina todas as partituras da Trilogia dos Dólares, que inclui ainda Por uns Dólares a Mais (1965) e Três Homens em Conflito (1966).
Este último é um caso em que a música é mais conhecida que o longa, ainda que este seja uma obra-prima. Nesse meio tempo, ainda fez a trilha para A Batalha de Argel (1966), de Gillo Pontecorvo, com quem faria outro clássico do cinema político, Queimada (1969).
A parceria com Leone prosseguiria no memorável Era Uma Vez no Oeste (1968), em que Claudia Cardinale conta que o diretor mandava tocar a música de Morricone no set para fazer o elenco entrar no clima; o não tão memorável Quando Explode a Vingança (1970) e o canto de cisne do cineasta, Era Uma Vez na América (1984).
O músico faria uma parceria importante também com Pier Paolo Pasolini em Teorema (1968), Orgia (1968), Decamerão (1971), Os Contos de Canterbury (1972) e As Mil e uma Noites (1974). Dentre sua extensa filmografia, podemos destacar também: Os Abutres têm Fome (1970), 1900 (1976), Cinzas do Paraíso (1978), A Gaiola das Loucas (1978), La Luna (1979), O Enigma de Outro Mundo (1982), A Missão (1986), Os Intocáveis (1987), Busca Frenética (1988), Cinema Paradiso (1988), Ata-me (1989), Bugsy (1991) e Malena (2000).
Apesar de multipremiado, Morricone só tinha recebido um Oscar honorário pelo conjunto da obra em 2007. Seu fã, Quentin Tarantino, cansou de pegar “emprestados” temas do maestro italiano (em Kill Bill 1 e 2, Bastardos Inglórios e Django Livre), e resolveu encomendar uma trilha original a ele para Os Oito Odiados (2015), que segundo o próprio diretor, era inspirado em outro longa musicado por Morricone, O Enigma de Outro Mundo.
O resultado foi o primeiro e único Prêmio da Academia de Hollywood para o compositor, que Tarantino teve o prazer de receber em seu lugar, única chance que ele teve de subir ao palco naquela noite.
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