Festival em Indaiatuba celebra carreira de Christopher Nolan

O Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá Indaiatuba recebe o Festival Nolan de 15 a 21 de outubro. A programação contará com quatro filmes do diretor Christopher Nolan, como um “aquecimento” para a grande estreia de Tenet, que chega no Brasil em 29 de outubro.

Batman encontra o Coringa em O Cavaleiro das Trevas

Há exatos 20 anos, Christopher Nolan surgiu para o mundo com Amnésia. Ele já havia dirigido um longa antes (Following), mas só os festivais independentes notaram. A história de Leonard (Guy Pierce, que trazia no Priscila – A Rainha do Deserto e L.A. – Cidade Proibida) que sofre com a perda de memória de curta direção e que busca o assassino de sua mulher, Natalie (Carrie-Anne Moss, em alta graças a Matrix), revelou um cineasta habilidoso e com estilo. O roteiro era inspirado num conto escrito por seu irmão Jonathan, que se tornou seu parceiro em diversos projetos. Se o filme seguinte, Insônia, um remake de um original sueco em que ele foi diretor contratado, não empolgou, sua pequena filmografia até então foi suficiente para a Warner lhe entregar reboot de uma de suas marcas mais valiosas: Batman. Os irmãos Nolan pegaram o projeto com o intuito de se distanciar o máximo possível do Homem-Morcego visto pela última vez no cinema em 1997 e criaram Batman Begins (2005), com grande influência dos quadrinhos, principalmente Batman Ano 1, de Frank Miller e David Mazzuchelli, dando origem ao estilo “sombrio e realista”, que marcaria os heróis da DC no cinema a partir de então.

O bom O Grande Truque, reunindo seu Bruce Wayne, Christian Bale, contra o Wolverine Hugh Jackman, foi lançado no mesmo 2006 de O Ilusionista, numa competição de mágicos do século XIX que não teve vencedor. Dois anos depois, na mesma temporada em que surgia o MCU com Homem de Ferro, viria seu maior triunfo: Batman – O Cavaleiro das Trevas (2008). Aqui o herói cede o protagonismo ao seu arquiinimigo, o Coringa, numa atuação antológica de Heath Ledger, que receberia um Oscar póstumo por sua atuação. O sucesso de público – maior bilheteria de um filme de super-herói durante anos – e crítica possibilitaram a realização de um projeto ainda mais ambicioso, A Origem (2010). Aqui. Os irmãos criam um universo dos sonhos no qual seria possível penetrar, onde as leis do tempo e espaço seriam outras, ainda que muito racional demais para um inconsciente freudiano ou mesmo neurocientífico. O filme fascinou muita gente, mas deixou muitos com uma pulga atrás da orelha por causa do maneirismo que começava a tomar conta da obra do diretor.

Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012) confirma a tendência megalomaníaca de Nolan, numa produção superestimada logo após o lançamento, que o tempo se encarregou de colocar em seu devido lugar. No ano seguinte, ele lança outra empreitada ambiciosa: Interestelar, com um elenco multiestelar, com Matthew McConaughey, Anne Hatthaway, Ellen Burstyn, Michael Caine, Matt Damon (só até aqui, seis Oscars), Jessica Chastain entre outros – e óbvia intenção de se equiparar a 2001 – Uma Odisseia no Espaço. O resultado é muito irregular, sendo mais lembrado pelo meme de Matthew McConaughey chorando.

Dunkirk (2017) e outro projeto megalomaníaco, que pretendia contar um dos momentos mais dramáticos da história inglesa – e da Europa – do ponto de vista de um soldado à espera do resgate através do Canal da Mancha. Infelizmente, ele perde em execução para um único plano sequência de Desejo e Reparação (2013), de Joe Wright, e este mesmo diretor se encarregou de ofuscar o drama de guerra de Nolan na temporada com O Destino de uma Nação, que aborda o mesmo período histórico.

E agora, o que esperar de Tenet? A insistência de Christopher Nolan em lança-lo nos cinemas, contrariando a indústria de um modo geral que preferiu adiar ou simplesmente lançar os filmes em VDO (vídeo on demand), transformou a produção numa frente de resistência do cinema enquanto experiência imersiva. Ainda que pode ter custado caro em termos econômicos, trata-se de um marco dentro de um cenário inédito em 100 anos de Sétima Arte.