Por Marcos Kimura 
Para começar, o óbvio: Missão: Impossível – O Acerto Final fecha a trama iniciada em Missão: Impossível – O Acerto de Contas, ex-Parte 1.
No longa de 2023, Ethan Hunt (Tom Cruise) e seus aliados tinham como objetivo encontrar a chave cruciforme que deveria ser usada para impedir que a Inteligência Artificial conhecida como Entidade controlasse os arsenais nucleares do planeta.
Quem retorna é um antigo inimigo de Ethan, Gabriel (Esai Morales, que foi o Slade Wilson da série Titãs), a face humana do vilão digital, assim como a ladra Grace (Hayley Atwell, a Peggy Carter do Universo Cinematográfico Marvel).
Ethan conta ainda com seus velhos amigos Luther (Ving Rhames, de Pulp Fiction) e Benji (Simon Pegg, o Scotty de Star Trek) e mais dois integrantes da equipe: o agente Degas (Greg Tarzan Davis, de Top Gun: Maverick) e a assassina Paris (Pom Klementieff, a Mantis de Guardiões da Galáxia).
O filme segue a fórmula habitual da franquia, uma montanha russa em que Tom Cruise se coloca em situações impossíveis, que ganham complicações a cada etapa.
A novidade da trama, na verdade, é velha: são citações e personagens de longas anteriores, como o Pé de Coelho (o MacGuffin do M:I 3), a agora presidente Erika Solani (Angela Basset, que era chefe da CIA em Efeito Fallout); seu ex-chefe em M:I 1, Kitridge (Henry Czerny, que já havia reaparecido em O Acerto de Contas) e o analista da CIA William Donloe (Rolf Saxon), praticamente uma ponta no primeiro Missão: Impossível e que agora ganha bem mais tempo de tela.
Talvez por conta dessa tentativa de abraçar toda a franquia iniciada em 1996, muito de O Acerto Final soa antigo, principalmente no ritmo por vezes cansativo.
A adrenalina só é injetada de verdade na sequência final, a dos aviões biplanos que está no trailer, e mesmo ela só tem graça porque sabemos que o maluco do astro está pessoalmente pendurado nos teco-tecos.
Por conta das referências que às vezes aparecem como frames na tela, fica difícil não fazer comparações. Missão: Impossível 1 (1996), dirigido por Brian De Palma, é bastante referenciado por ser o primeiro.
O terceiro, de 2006, dirigido por J.J. Abrahams e que reinventa a franquia, introduz a esposa de Ethan Hunt, Julia (Michelle Monaghan, da terceira temporada de The White Lotus) e traz o melhor vilão, interpretado por Philip Seymour Hoffman, que enxerga o ponto fraco do herói.
O quarto, Protocolo Fantasma, de 2011, dirigido por Brad Bird (Os Incríveis), é citado apenas pela explosão do Kremlin.
Nação Secreta, de 2015, inicia o reinado de Christopher McQuarrie como diretor da série, e introduz a melhor e mais longeva Hunt Girl, Ilsa faust (Rebecca Ferguson), que a partir daí inicia uma carreira em produções classe A.
Efeito Fallout, de 2018, é uma espécie de continuação, já que o vilão por trás de tudo é o mesmo Solomon Lane (Sean Harris), apesar de usar os músculos de Henry Cavill (O Homem de Aço), o melhor capanga.
Isso posto, vamos aos deméritos de O Acerto de Contas. A ameaça da Entidade soa meio vazia, já que impessoal, e seu henchman Gabriel é, de longe, o pior antagonista de Ethan Hunt.
A Grace de Hayley Atwell, apesar do charme e carisma da atriz, fica perdida no rolê mesmo com o esforço do roteiro, até porque ela sucede Rebecca no filme anterior.
Como nos anteriores, rola muito clima entre o protagonista e a garota da vez, mas ele só pegou mesmo Thandiwe Newton no segundo filme de 2000 (que foi ignorado).
E quanto à pergunta que não quer calar: é mesmo o último Missão: Impossível?
Não há conclusão nenhuma a respeito no final, mas considerando que há um intervalo de quatro a cinco anos entre cada trama, Tom, que tem 62 anos, teria no mínimo 66 na próxima aventura.
É uma idade provecta, mas, se ele estiver inteiro, e dependendo da bilheteria deste, acho que ele encara.
Fábio Alexandre