A Secretaria do Audiovisual do Ministério da Cultura anunciou hoje, na Cinemateca Brasileira, que Pequeno Segredo será o representante brasileiro na disputa por uma indicação ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro em 2017.
Dirigido por David Schurmann, um dos integrantes daquela família de velejadores que inundou (ha ha!) o Fantástico alguns anos atrás, o filme narra a história de Kat, portadora de HIV e adotada pela família em uma das viagens ao redor do mundo já realizadas. Com data de estreia para 10 de novembro no circuito comercial, Pequeno Segredo terá uma estreia limitada até dia 30 de setembro para poder se qualificar à estatueta.
A nomeação pegou muita gente de surpresa, já que era esperado que Aquarius, filme estrelado por Sônia Braga e dirigido por Kléber Mendonça Filho, fosse o preponente brasileiro à premiação. A expectativa surgiu após as críticas positivas recebidas pelo filme após sua exibição no Festival de Cannes deste ano.
Polêmica*
“Além dos critérios óbvios – técnicos e artísticos – existia também um pensamento de tentar escolher um filme que chegasse nos americanos e tivesse mais chance de agradar”, ressaltou Rodrigues, que falou como porta-voz, na ausência do presidente da comissão, o cineasta Bruno Barreto.
O crítico Marcos Petrucelli, que também integrou a comissão, defendeu a escolha, apesar da forte repercussão internacional de outro candidato – Aquarius, de Kleber Mendonça Filho. “O Aquarius ganha essa projeção nos Estados Unidos porque é um filme já visto, ele passou no festival de Cannes”, disse ao lembrar que O Pequeno Segredo ainda não foi lançado comercialmente.
A presença de Petrucelli na comissão causou protestos no meio artístico, que questionou a isenção do crítico para participar da análise dos filmes. Ele havia feito duras críticas ao protesto do diretor Kleber Mendonça e atores do filme Aquarius, durante o Festival de Cinema de Cannes, na França, em maio.
Ao subir ao tapete vermelho, a equipe exibiu cartazes com frases como: “Um golpe de Estado ocorreu no Brasil”, “Brasil vive um golpe de Estado”, “O mundo não pode aceitar um governo ilegítimo” e “54.501.118 de votos queimados!”. Petrucelli, considerou a manifestação da equipe de Aquarius uma “bela estratégia para aparecer para o mundo”.
O posicionamento do membro da comissão levou a equipe de outro filme, Boi Neon, dirigido por Gabriel Mascaro, a retirar a produção da lista de inscritos para receber a indicação brasileira. “É lamentável que o Ministério da Cultura, por meio da Secretaria do Audiovisual, endosse na comissão de seleção um membro que se comportou de forma irresponsável e pouco profissional”, dizia o comunicado divulgado no último dia 24 de agosto nas redes sociais.
A equipe de Boi Neon também defendeu os méritos da outra produção. “Aquarius foi o único filme latino-americano na competição oficial de Cannes, tendo sido aclamado pela crítica internacional. Diante da gravidade da situação e contrários à criação de precedentes desta ordem, registramos nosso desconforto em participar de um processo seletivo de imparcialidade questionável”, acrescenta a nota publicada na ocasião.
A atriz Ingra Liberato e o diretor Guilherme Fiuza deixaram a comissão responsável pela escolha do representante brasileiro no Oscar antes do início do processo de seleção. Ingra divulgou um comunicado nas redes sociais em que também dizia que a comissão tinha “sua legitimidade questionada por grande parte da classe artística”. Fiuza alegou motivos pessoais para não participar da seleção.
Eles foram substituídos pelo cineasta Bruno Barreto e pela atriz e realizadora Carla Camurati.
*com informações da Agência Brasil
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