Pedro Coelho 2: O Fugitivo; a Lenda de Candyman, na visão de Jordan Peele; e Infiltrado, de Guy Ritchie com Jason Statham são as novidades da semana nos cinemas. Piedade, de Cláudio Assis, com Fernanda Montenegro, exibido terça-feira no Cineclube Indaiatuba, terá reprise única no sábado.
Na animação Pedro Coelho 2: O Fugitivo, Bea, Thomas e os coelhos construíram uma familia improvisada. Quando o coelho arteiro decide se aventurar para além do jardim, encontra um mundo onde não é mais o protagonista rebelde e suas travessuras não são admiráveis. Agora, sua familia arrisca tudo para conseguir achá-lo, enqunato ele encara uma jornada de autoconhecimento.
Em A Lenda de Candyman, em um bairro pobre de Chicago, a lenda de um espírito assassino conhecido como Candyman (Tony Todd, que viveu o papel no filme original de 1992) assolou a população anos atrás, aterrorizando os moradores do complexo habitacional de Cabini Green. Agora, o local foi renovado e é lar de cidadãos de alta classe. O artista visual Anthony McCoy (Yahya Abdul-Mateen III, da minissérie Watchmen) e sua namorada, diretora da galeria, Brianna Cartwright (Teyona Parris, a Monica Rambeau de WandaVision), se mudam para Cabrini, onde Anthony encontra uma nova fonte de inspiração. Mas quando o espírito retorna, os novos habitantes também serão obrigados a enfrentar a ira de Candyman. A direção é de Nia da Costa, que está escalada para comandar Marvels, do MCU; e tem Jordan Peele (Corra!, Nós) como um dos produtores e co-roteirista.
Infiltrado marca o reencontro do action hero Jason Statham com o diretor que o lançou para a fama, Guy Ritchie. Um misterioso homem conhecido como Harry (Statham) trabalha para uma empresa de carros-fortes e é responsável por transferir milhões de dólares em dinheiro todos os dias pela cidade de Los Angeles. Um dia, quando tentam assaltar seu caminhão, o homem consegue se livrar do assalto utilizando habilidades impressionantes. Seus companheiros passam questionar de onde ele veio e suas motivações para estar ali. Assim que o mistério envolvendo Harry se desenvolve, um plano maior é revelado. O elenco traz ainda Holt McCallany (de Mindhunters, uma das melhores séries canceladas pela Netflix), Josh Hartnett (o cowboy-lobisomen de Penny Dreadful), Jeffrey Donovan (astro de Burn Notice, quem lembra?) e Andy Garcia (O Poderoso Chefão 3).
Statham foi lançado por Guy Ritchie em Jogos, Trapaças e um Cano Fumegante (1998) e Snatch: Porcos e Diamantes (2000), mas desde 2005, em Revolver, os dois não trabalhavam juntos.
Piedade
O Cineclube Indaiatuba exibiu nesta terça-feira Piedade, o último trabalho de Cláudio Assis (Amarelo Manga, A Febre do Rato), que está pronto desde 2019 e traz no elenco nada mais, nada menos, que Fernanda Montenegro, Cauã Reymond, Matheus Natchergaele e Irandhir Santos, um dos melhores atores brasileiros surgidos neste século. O filme será reprisado neste sábado, dia 28, às 18h no Topázio do Shopping Jaraguá.
A trama gira em torno de uma petrolífera – com o sugestivo nome de Petrogreen – que após devastar o litoral de Piedade, na região metropolitana de Recife, negocia para retirar os moradores do local a fim de evitar processos de crime ambiental. Fernanda é dona Carminha, matriarca de uma família que toca um bar na praia, com o filho Omar Sharif (Irandhir) e o neto Ramsés (Francisco Assis Moraes), filho de Fátima (Mariana Ruggiero), que resolveu deixar a comunidade para viver na cidade.
O advogado da empresa, Aurélio (Natchergaele), descobre outro herdeiro da propriedade, Sandro (Reymond), dono de um cinema-bordel (a cara de Assis), que, embora seja homossexual, tem um filho, Marlon Brando (Gabriel Leone), um jovem que faz parte de um grupo de ativistas contra a Petrogreen.
Entre as diversas alegorias que o diretor usa para sublinhar o embate entre interesse econômico versus meio ambiente e comunidades carentes, está o tubarão, peixe que é vilanizado no litoral pernambucano por atacar surfistas, mas que não apenas era o morador original daquele mar, como ainda vira petisco nos bares e restaurantes locais com o nome de cação. Enquanto Omar resiste à investida do capital à moda antiga (à certa altura, ele até canta o tema de Corisco em Deus e o Diabo na Terra do Sol), Marlon e seus amigos usam armas contemporâneas, como mídias sociais, pichações e até vírus digitais. O resultado, no final, dá na mesma.
Mais do que o tema ou a dramaturgia – às vezes confusa – o que se destaca é a câmera de Assis, sempre inquieta, sempre preocupada com o enquadramento preciso e pessoal. Todos os elementos em cena são pensados, apesar do aparente naturalismo. Numa piada metalinguística, ele exibe seu filme mais polêmico, Baixio das Bestas, como se fosse um filme de sacanagem.
Ainda que Irandhir e Natchergaele atuem com a habitual competência, e Reymond se esforce em desconstruir sua imagem de galã (mas ainda não é Rodrigo Santoro em Carandirú, que Assis odeia), quem brilha mais uma vez é Fernandona. No começo ela parece quase uma decoração, uma velhinha hesitante que tenta contemporizar as brigas entre o filho e Aurélio, que não quer saber de melhorias, mas, de repente, vemos porque ela é a padroeira dos palcos e telas do Brasil.
Ao final da sessão, um rapaz emocionado veio a mim para agradecer por termos proporcionado a ele a oportunidade de ver uma obra dessas. Um ano e meio depois da paralisação pela pandemia, é um presente ser lembrado por que é que fizemos o Cineclube Indaiatuba. Para que a gente se lembre da arte possível na telona.
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