23 out 2025, qui

Antes de tudo, um alerta: não tenho NADA contra a Pixar. Contudo, é fato que o estúdio há tempos não entrega uma nova pérola. Gostei bastante de Luca (2021) e Elementos (2023), e muito de Soul (2020), porém estes filmes não alcançaram o êxito de Toy Story, Os Incríveis e Divertida Mente, entre outros. O motivo? Faltou algo, que é difícil precisar, mas não está lá.

Elio, em cartaz nos cinemas, é mais uma tentativa da Pixar que, apesar de bem construído, com personagens cativantes e belas lições, parece uma colcha de retalhos com diversas situações que você já viu em outros filmes ou animações.

Tudo é tão óbvio que, apesar da beleza, a jornada perde força à medida da projeção. E se eu já sentia isso, ficou evidente quando meu filho de 10 anos olhou e disse: ‘falta muito para acabar?’. Crianças são os melhores termômetros.

Vamos à sinopse: Elio é um menino de 11 anos extremamente sonhador, artístico e criativo. Sua dificuldade em se encaixar o torna um garoto solitário, mas muito imaginativo.

Sua fascinação pelo espaço e sua obsessão por aliens e vida fora da Terra acabam o levando por engano para Comuniverso, um reino onde opera uma organização interplanetária que abriga representantes de múltiplas e diferentes galáxias.

A aventura dos sonhos de Elio começa e rapidamente ele é confundido pelas criaturas como o embaixador e líder da Terra. A partir daí, o menino precisa superar confusões e crises intergalácticas, formar laços com vidas alienígenas e descobrir quem ele realmente é e qual é o seu verdadeiro destino.

Referências

Elio é repleto de referências ao cinema ­sci-fi. E.T. – O Extraterrestre e Contatos Imediatos do Terceiro Grau são alguns deles. Órfão e sem lugar no mundo, com dificuldades para se relacionar com sua tia Olga e sem amigos, o protagonista só tem um desejo: ser abduzido.

As tentativas são diversas até que, certo dia, em uma base do exército, consegue enviar uma mensagem ao espaço. Enfim levado aos confins do universo, Elio se torna o líder do planeta Terra, disposto a combater uma terrível ameaça ao Comuniverso: Glordon, o conquistador. Mesmo que não saiba como fazer isso.

Tudo muda quando conhece o simpático Grigon, filho de Glordon, do qual se torna o melhor amigo. Relutante a seguir os passos do pai, o jovem alienígena encontra em Elio um novo caminho. No entanto, para se manter longe da Terra, o jovem terráqueo acaba colocando esta amizade à prova.

Enquanto tenta salvar o Comuniverso, manter-se longe da Terra e recuperar sua nova amizade, Elio percebe que, por mais solitário que se sinta, não será possível resolver tudo sozinho.

Imperfeito e repleto de sentimentos dos quais nos identificamos, Elio carrega sozinho esta animação da Pixar, dirigida pelo trio Madeline Sharafian, Domee Shi (Red: Crescer é uma Fera) e Adrian Molina (codiretor de Viva: A Vida é uma Festa).

Porém, a falta de conexão com os demais personagens afasta Elio de se tornar mais um projeto de referência da Pixar. Por mais que seja uma animação superior a muito do que vemos atualmente por aí, termina sendo apenas mais uma, mesmo que as resoluções encontradas sejam satisfatórias.

Luto, solidão, amizade e até mesmo paternidade são temas explorados, mas sem o devido aprofundamento. Neste mar de emoções, Elio se perde em um grande déjà vu que faz os pequenos perguntarem: ‘falta muito para acabar?’.

O que vem acontecendo com a Pixar? Talvez nós, espectadores, estejamos esperando demais por aquele brilho extra da luminária mais conhecida do cinema. O brilho está lá, mas carece de regulagem, como dizemos no interior paulista.

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