É natural que todo novo filme de Glenn Close (Atração Fatal) gere um buzz. Conhecida por ser uma das maiores atrizes de sua geração – injustamente ainda sem um Oscar – Close foi recentemente agraciada com o seu primeiro Globo de Ouro por um papel nos cinemas pelo longa A Esposa.
Curiosamente, A Esposa é do mesmo ano de produção de Colette, este um drama de época que conta a história da escritora francesa Sidonie-Gabrielle Colette, que se casa com um romancista, que passa a usar as histórias de infância da esposa para publicar seus livros, até que em certo momento ela se rebela contra esta servidão ao homem.
A Esposa tem semelhanças com esta trama e, apesar de não ser uma história real – é baseado no livro de mesmo nome escrito por Meg Wolitzer – o roteiro de Jane Anderson se apoia em situações muito mais verossímeis e sensíveis, diferentemente da cinebiografia de Colette, escrita a várias mãos, onde os homens parecem interferir de uma maneira ruim.
A trama
Certa noite, Joe Castleman (Jonathan Pryce,de Carrington – Dias de Paixão) recebe uma ligação informando que ele ganhara o Prêmio Nobel de Literatura e então comemora a notícia pulando na cama ao lado da esposa Joan (Glenn Close).
Passamos então a viver as horas seguintes após a tal ligação, intercaladas com flashbacks que mostram o início da relação dos Castleman, na época em que Joe era um professor galanteador e Joan sua aluna, uma talentosa escritora em início de carreira. Desde o início, a personagem de Close não parece ser o centro das atenções, pelo contrário, na festa de parabéns a Joe ela é apresentada apenas como a esposa que não escreve e chega a ter seu nome proferido de maneira errada por uma convidada.
Glenn Close
Close dá forma a uma mulher amargurada em ambientes machistas, de poucas palavras e sorrisos amarelos nas socializações, ressentida com as dedicatórias do marido a ela em seus discursos – não à toa a câmera do diretor Björn Runge (Daybreak) insiste em focalizar o rosto de Close nesses momentos – mas, apesar disso, ela não parece invejar o marido, e é nessa atuação contida que a experiência de Close nos instiga a solucionar sua postura, enquanto Pryce conduz seu personagem efusivamente, sem transforma-lo em vilão.
Sim, a força de A Esposa está em Glenn Close. Ela sustenta boa parte da história e a câmera de Runge está nela, a maior parte do tempo. Seus silêncios gritam e quando ela grita, não há necessidade de que isso aconteça. Com um forte discurso pró-feminismo, tudo flui naturalmente, graças a esta atriz que deve chegar forte para a temporada de premiações e, caso receba o Oscar, não parecerá um prêmio pelo “conjunto da obra”. Em A Esposa, Glenn Close, mais uma vez, mostra porque é tão respeitada e uma das melhores atrizes de sua geração, quiçá das últimas décadas.
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