É estranho que um filme baseado num conto do mestre do terror Stephen King e dirigido por Mike Flanagan, de Missa da Meia Noite e Doutor Sono, possa ser condiserado “fofo”. Mas é o que acontece com a Vida de Chuck, que algum desavisado pode achar que é da franquia Brinquedo Assassino.
Chuck é um apelido comum para Charles, no caso, Charles Krantz, papel de Tom Hiddleston (o Loki do MCU, que demonstra talento de dançarino inesperado) na vida adulta; Jacob Tremblay, o ex-prodígio de O Quarto de Jack e Extraordinário como jovem adulto; Benjamin Pajak na adolescência (e é quem fica mais tempo em cena); e Cody Flanagan na infância, que vem a ser filho do diretor com a atriz Kate Siegel, que para variar, também está no elenco como a professora que lê Walt Withman (texto que permeia a história).
Outra integrante da trupe de Flanagan que tem papel no filme é Samantha Sloyan, a ótima vilã de Missa da Meia-Noite,como a professora do clube de dança da escola que tem papel fundamental na vida de Chuck.
A história é contada em três atos, de trás para frente. No ato três, o professor Marty Andreson (Chiwetel Ejiofor, de 12 Anos de Escravidão) e sua ex, a enfermeira Felicia Gordon (Kate Gillian, a Nebulosa de Guardiões da Galáxia) presenciam um fim do mundo muito próximo do que nós já estamos vendo, com terremotos, mudanças climáticas, desparecimento das abelha, mas com uma diferença gritante: outdoors, grafites e anúncios com agradecimentos a Charlie Krantz pelos 39 ótimos anos.
A longo desses atos, varias caras conhecidas aparecem, com destaque para Mark Hammill, o eterno Luke Skywalker, como avô do protagonista; e Mia Sara, a namorada de Ferris Buller em Curtindo a Vida Adoidado, que saiu da aposentadoria como atriz para atuar como avó de Chuck. Matthew Lillard, o Salsicha dos filmes de Scooby-Doo; Carl Lumbly, o Isaiah Bradleydo MCU; e David Dastmalchian, de Entrevista com o Demônio e que anda aparecendo muito por aí, também fazem participações especiais
A chave da narrativa é o verso de Withman citada duas vezes no filme: I contain multitudes, em que multitudes é traduzido como multidões, mas a ideia não se aplica apenas a pessoas de uma multidão, mas muitas coisas e acontecimentos.
Essa é a ideia de A Vida de Chuck, de que uma existência individual contêm todo um universo de experiências e de outras vidas que cruzaram seu caminho. É belo e…fofo.