Por que é tão difícil fazer um filme decente com o Alien? O original de 1979, com o subtítulo brasileiro O 8º Passageiro, foi revolucionário em matéria de terror e ficção científica, dando origem à uma pioneira heroína de filme de ação – a Ripley de Sigourney Weaver – e ajudou a consolidar a reputação do diretor Ridley Scott em seu segundo longa (o primeiro, Os Duelistas, era praticamente um filme de arte) e criou o melhor design de monstro do cinema.
Depois de quarenta e cinco anos, sete longas (sem contar os dois Alien x Predador) e pelo menos um videogame (Isolation, incluído no cânone e fonte de inspiração direta para o diretor Fede Alvarez), Alien: Romulus enfim conseguiu trazer de volta a experiência de horror e claustrofobia do original. Como? Repetindo o melhor que a franquia tem a oferecer.
O filme começa citando O 8º Passageiro, com uma nave automática despertando de uma hibernação ao localizar os destroços do Nostromo, nave na qual Ripley foi a única sobrevivente depois de se livrar o xenomorfo. A tripulação recolhe os restos do monstro e os leva para uma estação. Quem conhece a saga sabe que vai dar m*.
Em uma longínqua e degradada colônia, Rain (Cailee Spaeny, de Priscilla e Guerra Civil) é uma órfã que vive com seu irmão postiço, Andy (David Johnson, de Gen V e Industry), um androide defeituoso.
Ela trabalha como lavradora para conseguir cumprir uma cota que lhe permita viajar para um planeta mais vivo que o seu. Um grupo de velhos amigos sucateiros espaciais a chama para uma missão clandestina: recuperar módulos de hibernação que vão permitir que viajem para o planeta nove anos distante.
Como androide da empresa que domina as colônias, Andy carrega os protocolos que permitem acessar a nave abandonada em órbita.
Restos
Só que não é uma espaçonave, e sim a estação que recebeu os restos do alien. Eles encontram evidencias de que alguma coisa deu muito errado e o resto vocês já sabem. Ou não, e aí reside a boa sacada de Fede Alvarez. Da mesma forma como Star Wars: O Despertar da Força replicou Uma Nova Esperança, Alien: Romulus traz o que fez do primeiro filme um clássico.
Ao mesmo tempo, traz demandas do público jovem como seu elenco, como a metáfora dos filhos desejando fugir da rotina de trabalho sem perspectiva de seus pais, a esperança de alcançar um mundo melhor e a relação ambígua com a IA, como a que Rain tem com Andy: quando este é uma dócil e tola companhia, tudo parece certo, mas quando se torna um aplicativo corporativo, vira uma ameaça.
A direção de arte, a mitologia e os easter eggs resgatam a mística da franquia, mas não se pode subestimar a contribuição de Fede Alvarez, que já havia feito milagres com O Homem nas Trevas, que tem alguns elementos em comum com Romulus.
Ele se soma aos grandes diretores que fizeram parte da franquia em início de carreira, como o já citado Ridley Scott; James Cameron (Aliens: O Resgate); David Fincher (Alien 3); e Jean-Pierre Jeunet, de Amélie Poulin (Alien A Ressurreição).
A atuação de Cailee Spaeny também merece destaque, entregando com segurança toda a carga emocional e física do papel, mesmo com sua cara de criança (já é uma das jovens estrelas que mais tem sido escalada, junto com Sidney Sweeney).
O trabalho de David Johnson como Andy também é muito bom, com sua alternância de personalidade bastante convincente e fundamental para o filme.
Para quem é de Indaiatuba, temo um plus na estrada do Topázio Cinemas do Polo Shopping Indaiatuba: uma escultura do Alien de autoria do artista Paulo Gomes, do MCL Estúdios, que também fez as criaturas do filme OGIVA, gravado em Indaiatuba e em breve nos cinemas.
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