Review | Annabelle 3: De Volta Para Casa

O universo de Invocação do Mal se expandiu de tal forma que parece ter fugido ao controle de James Wan, e falo isso porque pode ser feito um paralelo entre a história deste Annabelle 3: De Volta Para Casa – o sétimo filme da franquia, se você contar A Maldição da Chorona – e o que o Invocaverso se tornou.

O longa tem início com o casal Warren (Patrick Wilson e Vera Farmiga) ficando com a posse da boneca amaldiçoada – logo após os acontecimentos do primeiro Annabelle – e um longo prólogo apresenta toda a crendice e cuidados que os demonologistas têm com o artefato, utilizado por demônios como um canal para o plano humano.

Por essa sequência inicial, principalmente a da estrada e dentro do carro – não darei maiores detalhes -, muitas das intenções e maneirismos do estreante Gary Dauberman – roteirista de outros filmes do Invocaverso – ficam explícitas.

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Dauberman aposta em frequentes ameaças de sustos, gerando diversos momentos anti-clímax que são arquitetados como uma construção de atmosfera de suspense, é um truque bobo e cansativo, pois os dois primeiros atos do filme estão repletos deles e você passa boa parte da projeção se questionando se algo, de fato, irá acontecer naquela casa.

Apesar do excesso em não ter excessos – veja que irônico, Dauberman abre mão dos jumpscares mas não se resolve bem sem eles – o roteiro deste Annabelle 3 apresenta boas motivações para o que virá a acontecer na casa dos Warren mais ao final.

O casal deixa a filha Judy (Mckenna Grace de A Maldição da Residência Hill) aos cuidados da babá Mary Ellen (Madison Iseman de Jumanji: Bem-Vindo ao Jogo), e sua amiga bisbilhoteira, Daniela (Katie Sarife de Cleveland Abduction), fica sabendo disso e vai à casa para conhecer o famoso museu particular dos Warren. E as garotas são tão boas que Dauberman se dá ao luxo de relegar os veteranos Farmiga e Wilson a pontas no início e final do filme.

É interessante notar como há uma preocupação em não jogar os acontecimentos na história de maneira banal para causar sustos, tudo o que acontece tem uma motivação que logo em seguida nos será revelada, é como numa cena no tal quarto-museu dos Warren em que Daniela antevê o que acontecerá a ela em uma espécie de TV premonitória.

Aliás, a sequência em que Daniela passeia pelo tal quarto tocando os objetos e vasculhando tudo é algo que todo fã – corajoso, claro – dos Warren sempre quis fazer. Logicamente, sua atitude irresponsável irá desencadear uma sucessão de acontecimentos que fugirá ao controle das três garotas, e é aí que entra o paralelo da história com o universo de Invocação do Mal.

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Por um lado isso é ótimo, pois é graças à imprudência de Daniela que o terceiro ato do filme se torna um “Deus nos acuda”, por outro lado, este artifício pode ser interpretado como desculpa para criar mais e mais possibilidades de spin-offs, já que pelo menos cinco criaturas, objetos ou histórias são apresentados aqui.

Assim como em Invocação do Mal 2, há momentos em que os dramas de duas personagens são bem explorados, demonstrando um carinho de Dauberman por elas e fazendo com que o filme não se limite a ser apenas um terror de gênero, como os demais spin-offs tentavam.

Nesses momentos Annabelle 3: De Volta Para Casa ganha pontos e é bem resolvido, é pena que, quando parte para o terror, Dauberman não consegue manter a mesma lucidez e vai requentando ideias que a própria franquia já explorou incansavelmente e entrega um filme que às vezes parece querer apenas instigar o público a conhecer mais dos objetos no museu dos Warren do que exercer seu terror.

A franquia Invocação do Mal já se tornou refém da Annabelle – não a toa esse é o terceiro filme da boneca, que já apareceu até mesmo em Aquaman e Shazam! – e, enquanto nos filmes a utilizam para ameaçar os Warren, o Invocaverso depende dela para atrair mais demônios e mais spin-offs.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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