Review | Asteroid City

Com o cancelamento de Woody Allen e o anunciado fim de carreira de Quentin Tarantino, Wes Anderson fica como o último estilista do cinema americano. Consequentemente, estrelas de primeira grandeza se dispõem a participar de seus projetos mediante salário mínimo do sindicato.

Scarlett Johansson, Tom Hanks, Edward Norton, Bryan Cranston, Tilda Swinton, Liev Schreiber, Matt Dillon – além de Adrien Brody, Willem Dafoe, Margot Robbie, Jeff Goldblum e o nosso Seu Jorge em figurações de luxo – fazem parte do cast de Asteroid City.

O protagonista é um velho parça do diretor, Jason Schwartzman (de Três é Demais, Viagem a Darjeeling, Moonrise Kingdom, Grande Hotel Budapeste, A Crônica Francesa etc), que interpreta Auggie Steenbeck, um viúvo recente, fotógrafo de guerra e pai de quatro filhos.

O garoto mais velho, Woodrow (Jack Ryan, de Ilha dos Cachorros, também de Anderson), está participando de um concurso científico em Asteroid City, lugarejo poeirento no meio de algum deserto americano, que é conhecido por ter uma cratera aberta por um meteorito há milhares de anos.

Também está lá pelo mesmo motivo a estrela de Hollwood, Midge Campbell (Scarlett Johansson), e sua filha Dinah (Grace Edwards).

Na verdade, tudo isso é uma peça escrita pelo dramaturgo Conrad Earp (Edward Norton), dirigida por Schubert Green (Adrien Brody) e apresentada como se fosse um especial para televisão por Bryan Cranston.

As idas e vindas da narrativa acontecem em meio a um cenário artificial fotografado no habitual tom pastel, destacando as duas marcas registradas de Wes Anderson. E esse é o problema do filme.

Após as cinco indicações ao Oscar – e uma vitória de Figurino – obtidas por O Grande Hotel Budapeste (2014), a peculiar assinatura visual do diretor virou até meme, e ele meio que assumiu e tentou repetir o sucesso com A Crônica Francesa (2021).

Asteroid City usa os mesmos truques e maneirismos, ainda que com referências divertidas como o Papa Léguas, o ET que remete a Contatos Imediatos de Terceiro Grau, Sinais e Marte Ataca, entre outros.

Se em outros trabalhos, Anderson conseguia uma conexão por meio de seu estilo, desta vez, é o estilo pelo estilo, com raros momentos realmente bons. Um desperdício de elenco e ideias potencialmente boas, porque o diretor resolveu emular a si mesmo.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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