Hoje em dia, no auge da era da tecnologia e da internet, diversos filmes já marcam nossa época, seja para fazer uma crítica ao mundo virtual – como em O Círculo (2017), que expõe as mazelas de um mundo conectado e sem privacidade – seja como registro histórico – como em A Rede Social (2010), que conta o início de uma das redes sociais mais famosas da atualidade.
A partir deste princípio, Buscando… é um filme que pode ser analisado por vários ângulos. A começar pela técnica utilizada pelo diretor estreante, Aneesh Chaganty, para contar sua história. Todo o filme se passa na tela de um computador, algo semelhante ao que foi feito em Amizade Desfeita (2014), provavelmente o filme mais famoso a se utilizar desta técnica até então, embora o foco de Buscando… não seja assustar o espectador.
Chaganty inicia o filme mostrando a clássica tela inicial do Windows XP e logo somos convidados a assistir um breve vídeo que nos introduz à família de David Kim (John Cho, da recente trilogia Star Trek), passando pelos primeiros anos de sua filha Margot (Michelle La), a partir de registros de suas aulas de piano, festas de aniversário, entre outros, até o triste falecimento de sua esposa.
Após a introdução, somos levados ao ponto principal que move a trama de Buscando…, Margot desaparece após um grupo de estudos e não deixa rastros. Caberá a David ajudar a investigação liderada pela detetive Rosemary Vick (Debra Messing, da sitcom Will & Grace), coletando quaisquer informações sobre a filha, porém, o distanciamento costumeiro entre pais e filhos do mundo de hoje dificulta e ainda reservará algumas surpresas a David.
É justamente quando David encontra o notebook de sua filha que a história se torna tensa. Por meio de ligações do Facetime aos amigos de Margot e acessando as contas pessoais da filha, David passa a coletar diversas informações e monta uma planilha que lhe servirá como uma espécie de guia sobre quem conhecia melhor sua filha e poderá ajudar com notícias sobre ela.
Nessas incursões de telas, visualizando fotos, assistindo a noticiários televisivos, vídeos de celulares de curiosos, câmeras de vigilância e lendo e-mails e bate-papos, Chaganty nos leva a uma experiência visual incrível. Cada detalhe das abas, conversas e históricos são essenciais para transformar Buscando… em algo mais que um mero thriller investigativo – até porque sua história é o velho clichê hollywoodiano que poderia ter sido adaptado de qualquer livro de Agatha Christie.
Há de se destacar também o trabalho de tradução para o português feito pela Sony, pois sem ele, com certeza, não teríamos o mesmo impacto. Há muita informação a ser vista e lida na tela a todo instante e, embora sejamos meros passageiros de David e suas navegações, o diferencial de Buscando… é exatamente vivenciar essa experiência aflitiva e bolar nossas próprias teorias com o material que o próprio David vai coletando.
Justamente por isso, Chaganty não se acanha em nos enganar com as diversas reviravoltas no curso da investigação de David, o que faz a história ir perdendo força, por se preocupar demais em nos enganar e depois em querer explicar no mínimos detalhes tudo o que o próprio roteiro vinha tentando esconder.
Buscando… é um filme bastante original que não se limita a mostrar a internet como a grande vilã dos tempos atuais por distanciar as relações entre pais e filhos ou por expor demais os adolescentes,mas também por criar uma linguagem que nos torna cúmplices desta dramática investigação com ares de Você Decide.
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