Review | Calmaria

Tem sido constante nos últimos anos filmes envolvendo casais em alto-mar ou com o mar como forte ligação entre os protagonistas: Submersão (2017), Vidas à Deriva (2018) e Somente o Mar Sabe (2018) são alguns exemplos de algumas dessas histórias marítimas, mas com profundidade de uma poça d’água. Cá entre nós, Titanic permanecerá insuperável por muitos anos com esses “concorrentes” de subgênero.

Em Calmaria, mais uma vez, temos um casal – na verdade, um triângulo – e o mar como personagens principais. Na trama, Baker Dill (Matthew McConaughey) ganha a vida levando turistas para pescar em seu barco ao lado de Duke (Djimon Hounsou de Diamante de Sangue). Essa vida, até então pacata, muda quando Karen (Anne Hathaway de Oito Mulheres e Um Segredo), a mulher que o abandonou anos atrás para se casar com um poderoso empresário (Jason Clarke de A Maldição da Residência Hill), aparece na ilha com uma proposta inesperada. O presente e o passado se entrelaçam de maneira perigosa.

O diretor Steven Knight (do ótimo Locke) parece mais preocupado em brincar com seus personagens e em surpreender o espectador com reviravoltas jogadas na história do que em desenvolver temas sério como relação abusiva, violência doméstica e traumas da guerra.

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Elenco

Jason Clarke tem o dedo podre? O ator – sempre coadjuvante – atira pra todos os gêneros e dificilmente acerta. Só nos últimos anos tentou o terror em A Maldição da Casa Winchester (2018), ação e sci-fi em Terminator Genisys (2015) e até um thriller romântico em Por Trás dos Seus Olhos (2016). Aqui, embarca novamente no romance, mas sendo um personagem misógino e abusivo que não lhe exige nada a não ser se portar como um macho-alfa beberrão cheio da grana.

Em contrapartida de um questionável Jason Clarke, temos os alardeados Anne Hathaway e Matthew McConaughey. O que aconteceu com a dupla oscarizada respectivamente em 2013 e 2014? O trabalho mais relevante deles, pós Oscar, havia sido Interstellar, em 2014, desde então, ambos sequer conseguiram projetos mais audaciosos. É utopia imaginar que há uma maldição do Oscar por trás disso, mas às vezes faz sentido.

Já Djimon Hounsou tem um pequeno papel que deixa bem claro as intenções de Knight, o diretor joga com seus personagens ao seu bel-prazer e conforme as conveniências do roteiro.

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Ficção científica?

Apesar de todos os pesares, das atuações fora de tom, das escolhas de câmera questionáveis (que podem fazer certo sentido ao servirem de muleta a futuras explicações, mas que cinematograficamente não agregam nada), o longa poderia ser apenas fraco se não houvesse o trágico “elemento Black Mirror” que torna o longa uma ficção científica.

A ideia final de Calmaria é interessante, mas poderia ter sido desenvolvida de maneira mais madura desde o início, e não apenas para causar surpresa.

É um grande desperdício de tempo e de elenco que talvez funcionasse melhor em um episódio da série Black Mirror, já que lá estamos em um universo propício para tais tecnologias. Aqui tudo soa apenas cafona e mal amarrado.

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Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

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