Qualquer cinéfilo deve ter visto ao menos um trabalho de Maggie Smith (Gosford Park), Judi Dench (Shakespeare Apaixonado), Eileen Atkins (Gosford Park) e Joan Plowright (101 Dálmatas), mesmo que você não conheça as duas últimas de nome, elas são tão importantes para as artes dramáticas quanto Smith e Dench, os rostos mais famosos dali, por assim dizer.
Amigas há décadas, as quatro se reúnem eventualmente para jogar conversa fora enquanto tomam chá – ao menos é o que diz um letreiro antes do início do filme – verdade ou não, é inegável que este quarteto tenha muita história pra contar. E neste documentário, o diretor Roger Michell (Um Lugar Chamado Notting Hill) nos convida para passar uma deliciosa tarde com essas damas.
O fim de tarde é o período perfeito para esta conversa. O papo que começa no jardim logo é transferido para dentro de casa devido à chegada repentina da chuva; o que no início de carreira se mostrava uma luta para se manterem sempre belas, hoje é visto como uma luta para conseguir qualquer papel, mas não é porque elas estão esquecidas, enxergam mal e escutam com ajuda de aparelhos auditivos que deixaram de ser maravilhosas, talentosas e se tornaram desinteressantes.
Basta ouvi-las falando por 80 minutos sobre temas que variam entre juventude, morte, casamentos, Laurence Olivier (ex-marido de Plowright), teatro (e Michell traz excelentes momentos da carreira no palco de cada uma delas), premiações, honrarias recebidas do reino britânico, episódios tristes e engraçados, papéis aceitos e negados, tudo sem roteiros, sem falas decoradas (apesar de Dench se lembrar a todo instante de frases inteiras de anos atrás), apenas ensaiando uma posição ou outra no sofá (“quem senta assim?” diz Smith a Dench enquanto dividem uma namoradeira).
Michell deixa as atrizes bem à vontade e, em ocasiões oportunas, solta uma ou outra palavra-chave que geralmente as pega de surpresa e as deixa alguns segundos em silêncio até decidirem qual delas fala primeiro.
Smith é a mais atrevida das quatro e sempre tem uma resposta na ponta da língua, provoca Dench sem rodeios (“sempre convidam primeiro você para os papéis”), Dench é a que mais pensa antes de falar, mas sempre surge com histórias hilárias, como o encontro com um jovem médico de 17 anos, chegando a se emocionar quando pensa qual conselho daria para sua versão mais jovem, Plowright com problemas de visão e de audição tem mais dificuldade de se expressar, mas nem por isso deixa de nos divertir, o mesmo com Atkins, a menos explorada por Michell, mas que também não deixa de trazer boas histórias dos bastidores.
[wp-review id=”10652″]
+ Ainda não há comentários
Add yours