Antes de tudo, trago uma verdade: na ‘disputa’ dos live-actions, Como Treinar o Seu Dragão é MUITO superior a Lilo & Stitch. Ação, diversão, lições de moral e protagonistas fortes e ao mesmo tempo fofinhos, ambos têm. Porém, a adaptação da animação da DreamWorks carrega tons épicos, com efeitos especiais de ponta e uma jornada muito mais cinema que o fofo concorrente da Disney.
Se você continua lendo este texto – concorde ou não com meu ponto de vista -, é porque quer saber mais. Então vamos lá: Como Treinar o Seu Dragão é inspirado na série de livros best-seller de Cressida Cowell e se passa na acidentada Ilha de Berk, onde vikings e dragões são inimigos há gerações.
No centro da história está Soluço (Mason Thames), o engenhoso e negligenciado filho do Chefe Stoico (Gerard Butler). Desafiando as tradições de seu povo, Soluço forma uma amizade improvável com Banguela, um temido dragão Fúria da Noite.
Juntos, eles revelam uma nova verdade sobre os dragões e questionam as crenças mais profundas da sociedade viking. Ao lado da corajosa e determinada Astrid (Nico Parker) e do excêntrico ferreiro Bocão Bonarroto (Nick Frost), Soluço precisa enfrentar um mundo dividido pelo medo e mal-entendidos.
Quando uma antiga ameaça ressurge, colocando em risco a sobrevivência de vikings e dragões, a amizade entre Soluço e Banguela torna-se a chave para um novo futuro.
Juntos, eles devem trilhar o caminho em direção à paz, ultrapassando os limites de seus mundos e redefinindo o que significa ser herói e líder.
Adaptação
Já que estamos falando de adaptações de animações famosas para o ‘mundo real’ dos live-actions, vale destacar uma semelhança importante entre as produções apontadas no início do texto: ambas respeitam sua gênese, ou seja, o material original do qual floresceram.
Aliás, a duas produções convergem em outro ponto: na figura de Dean DeBois, codiretor das duas animações ao lado de Chris Sanders. Porém, enquanto a Disney resolveu convocar Dean Fleischer Camp (Marcel, a Concha de Sapatos) para seu live-action, a DreamWorks apostou em DeBois, profundo conhecedor do material de Cressida Cowell.
Com algumas pequenas mudanças, Como Treinar o Seu Dragão reúne a essência da franquia que deu origem a três filmes e diversas séries animadas. Neste primeiro filme, dois temas são discutidos e se conectam: a rivalidade entre homens e dragões e a dificuldade de relacionamento entre pai e filho.
Soluço, muito bem interpretado por Mason Thames (O Telefone Preto), é ponto central da trama: um garoto que não se encaixa entre os vikings de Berk, que não vê razão em matar os dragões e que por tudo isso, não consegue se relacionar com o pai, o Chefe Stoico.
Aqui, outra curiosidade: Gerard Butler (300) dá voz ao personagem na animação e interpreta Stoico no live-action. Conhecimento de causa, não falta.
Coadjuvantes
Apesar de tudo o que já dissemos aqui, Como Treinar o Seu Dragão não funcionaria sem seus coadjuvantes. Assim sendo, Nico Parker (Bridget Jones: Louca pelo Garoto) e Nick Frost (o novo Rubeus Hagrid na vindoura série de Harry Potter) se encaixam perfeitamente nas figuras da heroína Astrid e do ferreiro Bocão, interesse amoroso e tutor, respectivamente, do nosso protagonista.
Porém, o destaque vai mesmo para a criação de Banguela, o temido dragão Fúria da Noite que se torna amigo inseparável de Soluço, mesmo com toda inimizade entre as raças.
Assim como a Disney fez com Stitch, os profissionais envolvidos no filme não inventaram: criaram uma versão live-action 100% baseada na animação, garantindo familiaridade com o espectador. Oras, todos já conhecem e se encantam com o poderoso, porém amigável dragão… e em time que está ganhando, você já sabe.
Como Treinar o Seu Dragão desenvolve ao longo de duas horas tudo que está na animação: a dificuldade em aceitar tradições, de se relacionar com o pai e com sua tribo e amigos, culminando na quebra de paradigmas e a conquista do respeito de todos pelo exemplo.
Soluço é um herói improvável e Banguela, um companheiro sem igual. Juntos, eles vivem uma jornada de descobertas, de desafios perigosos e de heroísmo ímpar. Elementos essenciais para este live-action que acerta ao não se arriscar e que arrisca ao confiar no poder de sua história.
Ao final da sessão, mesmo familiarizada com a animação, minha filha de 8 anos torcia pelos heróis, chorava copiosamente e se alegrava na mesma proporção. Absolute Cinema. Desculpa, Walt, mas quando o assunto é live-action, fico com os dragões.