Se na vida real a clonagem humana e a conservação da consciência de um corpo ainda estão longe de se concretizarem, nas ficções científicas ambas possibilidades já foram incansavelmente exploradas.
Do dilema moral de San Junipero à sátira de Robocop, há muitos caminhos a serem trilhados num gênero tão vasto. Infelizmente, Cópias – De Volta à Vida seguiu pelo caminho mais fácil de todos. O resultado não poderia ser diferente de um desastre.
Keanu Reeves (da trilogia John Wick) é Will Foster, um cientista que trabalha em um projeto no qual tenta transferir a consciência de pessoas recém-falecidas para um androide. Seus testes sempre falham e ele vê o projeto ameaçado pelo ganancioso Jones (John Ortiz de O Paradoxo Cloverfield) , o magnata da empresa que o financia.
A cafonice e falta de expressividade de Keanu não ajudam neste papel – que por algum milagre não foi para Nicolas Cage, era a “cara” dele – seu personagem passa por um trágico acidente, onde perde a esposa e os três filhos, e então decide fazer um upgrade das consciências de cada um para conservá-las e fazer uso posterior.
Os dilemas entre ética e moral duram até a primeira página. A partir do acidente, as escolhas de Will ultrapassam o limite do aceitável. É absurdo imaginar que uma pessoa que recém perdera a família peça a um amigo que se livre dos corpos ou que decida por um sorteio qual familiar não será clonado. Obviamente, Will irá realizar a clonagem para que possa ser feliz novamente com sua família, no melhor estilo “Cemitério Maldito high-tech“.
Não há suspensão de descrença que funcione a favor das escolhas de roteiro. Toda a facilidade encontrada por Will para clonar a família, armazenar a consciência deles – e depois até a própria, num dos momentos mais irracionais do filme – dão um grande fardo de inverossimilhança ao longa, que vai ficando cada vez mais próximo da comédia involuntária.
No meio de tanta estupidez, é possível que você ainda dê boas risadas dos efeitos ultrapassados e dos rumos que o diretor Jeffrey Nachmanoff e os roteiristas Stephen Hamel e Chad St. John deram a uma premissa que poderia ser muito mais interessante nas mãos certas. Forte candidato a ser um dos piores filmes do ano.
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