Filmes sobre boxeadores já fizeram história em Hollywood. Clint Eastwood com seu Menina de Ouro (2004) e Martin Scorsese com seu Touro Indomável (1980) são unanimidade quando boxe e cinema entram em pauta. O injustiçado Sylvester Stallone também conseguiu escrever seu legado no cinema com Rocky Balboa, porém, mais de 40 anos após o lançamento do primeiro filme da franquia, é preciso saber a hora de parar. Melhor ainda: parar no auge.
Quando Creed foi lançado, em 2015, muito se pensou sobre o que Stallone estaria planejando para a franquia que ele carregou (na medida do possível) durante 30 anos, de Rocky – Um Lutador (1976) a Rocky Balboa (2006). Reagindo a uma época onde a representatividade importa e dando protagonismo total para os negros, colocou Ryan Coogler (Fruitvale Station: A Última Parada) na direção e a estrela em ascensão Michael B. Jordan (Pantera Negra) no papel central, garantindo sangue novo à franquia. Desta vez – e definitivamente – Stallone passa o bastão em Creed II, sequência dirigida por Steven Caple Jr., outro diretor negro que surge em Hollywood com a bênção de Sly.
O maior desafio
Em Creed II, Adonis Creed (B. Jordan) enfrenta um novo desafio para si, mas antigo para Rocky. Agora campeão mundial dos pesos pesados, Adonis é desafiado por Viktor Drago (Florian Munteanu), filho de Ivan Drago (Dolph Lundgren, de Aquaman), o lutador russo que matou seu pai no ringue há anos.
Quando a figura de Viktor Drago surge ao lado do pai na Suécia, banidos pela família após a vergonhosa derrota para Balboa em Rocky IV (1975), um ambiente gélido e hostil é revelado. Viktor se mostra um brutamontes que pode ser inexperiente no ringue, mas que reúne força e envergadura descomunais.
Ainda que seja uma história sobre um lutador, Creed II segue os passos da franquia Rocky ao se aprofundar nos dramas do protagonista. Adonis ainda é relutante em se ver como o grande campeão mundial dos pesos pesados, precisando ser chacoalhado pela namorada Bianca (Tessa Thompson, de Thor: Ragnarok) assim que vence a luta do título: “você sabe o que você acabou de fazer?”. Porém, Adonis não parece satisfeito.
Dominado pela sensação de ainda não ter sido desafiado ao máximo, Adonis cai na lábia do promotor Buddy (Russell Hornsby, de Um Limite Entre Nós) quando conversam sobre quantos campeões mundiais dos pesos pesados o público conhece. Para ele, é preciso um grande feito para que um campeão seja lembrado.
Carinho e família
Recheando a relação entre Adonis e Rocky com frases motivacionais características da franquia, o longa desperta no espectador uma curiosidade sobre o que afinal Adonis precisa para se sentir um verdadeiro campeão e descobrir pelo que luta. Da mesma forma que Rocky encontrou no seio familiar forças para vencer e dar a volta por cima, Adonis faz o mesmo.
O carinho de Stallone com seus personagens é tão grande que até mesmo a família Drago é vista com compaixão. O drama do pai banido que enxerga no filho uma oportunidade de ser novamente aceito em seu país é sutilmente abordado, algo que a franquia Rocky nunca havia feito até então, já que os adversários de Rocky (com exceção de Apollo Creed) apenas serviam de muleta para a volta por cima do protagonista.
Stallone – que assina o roteiro ao lado de Cheo Hodari Coker – não tem vergonha alguma em mostrar que a nostalgia dos filmes antigos ainda pinga no ringue de Creed II. E é justamente por assumir essa escolha e entregar nas mãos de Caple Jr. um roteiro óbvio, mas redondo, que Stallone reconhece que o futuro da franquia está muito bem encaminhado tanto no talento de B. Jordan quanto nos punhos de Adonis Creed.
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