Review | Cyrano Mon Amour

Em plena época onde a discussão entre cinema e streaming está em polvorosa, é por filmes como Cyrano Mon Amour que a capacidade do cinema em reunir público e fazer reverência a outras formas de arte, neste caso o teatro, ainda tem suas vantagens.

A história de Cyrano Mon Amour tem início no final do século 19, e Edmond Rostand (Thomas Solivéres de Respire) é um escritor desacreditado que precisa de uma peça de sucesso para alavancar sua carreira. Ele oferece então ao respeitado ator Constant Coquelin (o ótimo Olivier Gourmet de Dois Dias, Uma Noite), o papel principal em uma comédia-heróica que ele ainda não escreveu.

Imagem relacionada

Alexis Michalik assina a direção e o roteiro desta trama que transita entre a comédia e o drama de maneira fluída e que ganha força pela devoção e respeito com que Michalik desenvolve os atores e atrizes que encenaram Cyrano de Bergerac pela primeira vez nos palcos.

O longa conta as diversas dificuldades encontradas por Edmond para escrever a peça, passando por sua crise de criatividade, seus problemas com atores ruins e figurinos baratos e a inspiração proibida encontrada em uma mulher fora do casamento.

Resultado de imagem para cyrano mon amour

Assumindo o patamar de filme comercial, Cyrano Mon Amour tem um ótimo design de produção, recriando com perfeição desde os maiores cenários como cabarés, teatro e bares aos mais íntimos, como camarins e quartos. A devoção de Edmond e Michalik àqueles atores e pessoas é tão grande que os rompantes de genialidade do escritor não surgem em um quarto fechado, mas sim quando em contato com pessoas inspiradoras.

E é justamente ao expor a intimidade desses personagens reais e ficcionais – ou ficcionais de atitudes reais – que Cyrano Mon Amour se revela uma obra repleta de coração e intensidade; por mais que aqueles atores estejam diante de uma peça que viria a ser encenada mais de mil vezes no século seguinte, eles ainda não sabiam daquilo e é a partir desta união que todos fazem de Cyrano de Bergerac uma obra atemporal que ganha uma bela homenagem nos cinemas.

[wp-review id=”12109″]

Angelo Cordeiro

Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Cinéfilo com obsessão por listas e tops, já viram Alta Fidelidade? Exatamente, estilo Rob Gordon. Tem três cães: Johnny, Dee Dee e Joey, qualquer semelhança com os Ramones não é mera coincidência, afinal é amante do bom e velho rock'n'roll. Adora viajar, mas nunca viaja. Adora futebol, mas não joga. Adora Scarlett Johansson, mas ainda não se conhecem. Ainda.

Leia também...

Mais deste Autor!

+ Ainda não há comentários

Add yours