Review | Deadpool & Wolverine

Deadpool & Wolverine, a mais aguardada estreia do ano para fãs do Universo Cinematográfico Marvel, chega esta semana aos cinemas, e já vimos no Topázio Cinemas.

Difícil fazer um review sem spoilers, mas vamos responder questões genéricas insinuadas nos trailers. Tem Deadpool (Ryan Reynolds, voando no papel de seu personagem favorito) pressionando a cartilha da Disney em relação a palavrões e piadas de conotação sexual e de drogas? Tem. Tem Wolverine (Hugh Jackman) usando suas garras para o que elas foram feitas, que é estraçalhar? Tem. Tem lutas homéricas entre os dois e com os dois? Tem.

E tem um monte de participações especiais, algumas anunciadas e outras que surgem do nada? Ah, e como tem!

Um Deadpool desiludido e frustrado é subitamente retirado de sua realidade por agentes da TVA (uma galera que cuida das diversas linhas temporais do multiverso, que aparecem pela primeira vez na série do Loki), sob a autoridade de um de seus burocratas, chamado Paradox (o ótimo ator inglês Matthew McFayden, de Succession, da Max).

A motivação e o ponto de partida para a trama são frouxos, mas o importante é que o mercenário tagarela sai em busca de um Wolverine em diversas linhas do tempo a fim de encontrar um capaz de salvar seu mundo, numa sequência que vai divertir especialmente – e quase tão somente – os fãs de quadrinhos.

Eles acabam parando no Vazio, que é uma espécie de lixão da TVA, um desertão cheio de destroços, que lembra muito o de Mad Max (que será mais uma piada de Reynolds), sendo recebidos por alguém que você achará familiar e que é um dos melhores cameos do filme. É sério.

É nesse local inóspito que encontraremos a poderosa Cassandra (Emma Corrin, em seu primeiro grande papel no cinema, depois de ótimas atuações em The Crown, da Netflix, e Assassinato no Fim do Mundo, atualmente na Disney+), líder de versões de diversos vilões dos X-Men e irmã gêmea de Charles Xavier.

Dinâmica

Nos anos 80 e 90 tivemos filmes em que o que importava era a dinâmica entre dois protagonistas, como Tango & Cash, com Sylvester Stallone e Kurt Russell, ou Inferno Vermelho, com Arnold Schwarzenegger e Jim Belushi, em que suas personas cinematográficas entravam em choque ao mesmo tempo que se uniam para solucionar a trama.

Aqui, são dois personagens muito conhecidos pelo público ao longo de algumas aventuras, que por coincidência são best friends na vida real. Ou seja, o bromance é que importa, e não a história.

Ao mesmo tempo, ao encerrar a trilogia Deadpool, Ryan Reynolds, o diretor Shawn Levy e os roteiristas Rhett Reese e Paul Wernick resolveram também fazer um réquiem para o universo de super-heróis da Fox, que foi absorvida pela Disney.

Mais que isso, é uma celebração da cultura pop, não se limitando a filmes e séries, mas também à música – com uma trilha musical sensacional – e aos quadrinhos, origem de tudo.

Assim como o Snyderverso morreu com a chegada de James Gunn à DC, tudo o que foi feito na Fox deve ser descontinuado pela Disney. Só que ao invés do encerramento melancólico com Flash, que já nasceu morto, Deadpool & Wolverine é um réquiem festivo como o Dia dos Mortos mexicano, em que o fã vai se divertir com os easter eggs, recordar de personagens que fizeram parte de sua vida e até se emocionar ao se lembrar como a Fox começou a mostrar que era possível fazer filmes de super-herói decentes.

E o melhor representante dessa era é o Wolverine de Hugh Jackman, que apesar do desfecho maravilhoso em Logan, merecia uma despedida que deixasse os fãs com um sorriso no rosto. Afinal, como diz Deadpool no filme, ele não é apenas um X-Men, ele é O X-Men.

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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