Review | Eu Me Importo (Netflix)

A Netflix se transformou nesta pandemia de um serviço de streaming pioneiro para item de primeira necessidade. Ciente disso, a plataforma não apenas incrementou seu catálogo como desenvolveu uma espécie de fórmula para emplacar Top 10 em seu ranking. O longa Eu Me Importo é um exemplo bem sucedido nesse aspecto.

Rosamund Pike é Marla Grayson, uma vigarista que descobriu uma mina de ouro como curadora de idosos que, supostamente, são considerados ineptos para cuidar de si mesmos, sendo então internados à revelia em casa de repouso, enquanto ela, como guardiã legal, vende seus bens e esvazia suas contas bancárias.

Tudo ia muito bem até que ela escolhe como vítima Jennifer Peterson, papel da duas vezes vencedora do Oscar Diane Wiest (ambas, com o hoje “cancelado” Woody Allen). De repente, Marla e sua assistente e amante Fran (Elza González, de Em Ritmo de Fuga) se veem às voltas com ameaças e mortes sem saber exatamente de onde ou porquê. A partir daí é uma sucessão de reviravoltas que exigiriam SPOILERS ALERTS incessantes.

Se alguém encarna o termo beleza fria essa é Rosamund Pike. Do seu aparecimento como a vilã de 007 – Um Novo Dia para Morrer (consagrando Pierce Brosnan como James Bond mais trouxa com as mulheres) à sua consagração como protagonista de Garota Exemplar, ela emplacou um tipo que se adequa perfeitamente neste Eu Me Importo.

O problema é quando esse casting se transforma em personagem recorrente. Sua Marla é uma Amy Dunne mais velha, igualmente inescrupulosa e mais implacável. Outro que se arrisca a ficar se repetindo é Peter Dinklage, o eterno Tyrion Lannister de Game of Thrones.

Isso não é necessariamente um problema: Alfred Hitchcock gostava de escalar atores com uma persona cinematográfica consagrada para economizar na apresentação do personagem. Mas quando o roteiro também é recorrente, aí se torna um problema.

A estrutura da trama é de film noir no estilo Billy Wilder em Pacto de Sangue, que talvez fosse sensacional como Os Imorais de Stephen Frears com uma direção melhor que a de J. Blakeson, responsável pelo fracassado A 5ª Onda, que também assina o roteiro.

O pior é o final, que repete exatamente o que Matthew Vaughn fez em Nem Tudo é o que Parece, que pode ser visto no Amazon Pride Video.

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Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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