Review | Festa da Salsicha

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Se fosse uma animação da Disney, Festa da Salsicha seria um filme engraçado, emotivo, com salsichas e outros alimentos representados de formas fofas, cantando e dançando, demonstrando uma forte amizade uns pelos outros, o final renderia cenas de superação e uma lição de moral. Nada contra as produções da Disney, mas quem está por trás desse filme é Seth Rogen, um dos mais desbocados e politicamente incorretos astros de Hollywood que vira e mexe gosta de desafiar a plateia em produções polêmicas como Segurando as Pontas, A Entrevista e Vizinhos.

Por isso mesmo, não chega a ser uma surpresa que essa sua primeira investida na criação de uma animação soe tão fora do normal. Festa da Salsicha é uma avalanche sexual. Os alimentos têm formas genitais, falam palavrões o tempo todo, se insinuam descaradamente uns para os outros e descrevem com detalhes momentos e gostos sexuais. Essas práticas podem fazer com que o espectador mais desavisado fique um tanto incomodado. Não existe descanso, toda a trama é conduzida a base de piadas sexuais e preconceituosas, o que neste caso não é propriamente um defeito.

O que pesa em Festa da Salsicha é que a trama parte de uma premissa imprópria interessante, indo contra todas as outras animações da atualidade, mas não consegue se sustentar o tempo todo, e olha que piadas e referências não faltam, discute-se, por exemplo, diversidade, preconceito e religião, tudo de forma escrachada e ainda existe uma exagerada menção ao uso de drogas. Na história os desbocados alimentos vivem dentro de um supermercado, onde pensam que ao serem escolhidos pelos humanos, tratados como deuses, serão levados para o Paraíso e viverão felizes para sempre, o que eles não suspeitam é que um trágico destino os aguardam. Descoberta a verdade, inicia-se ali uma luta contra os humanos pela sobrevivência.

A versão brasileira ficou a cargo dos integrantes da Porta dos Fundos, que conseguem fazer uma adaptação muito boa, encontrando o ritmo certo para as piadas, as vozes são boas e os palavrões bem encaixados.

Assumidamente ousado e corajoso para os dias de hoje, Seth Rogen e seus parceiros fizeram mais um filme chulo, duvidoso em muitos momentos, mas também divertido e que não se leva a sério em momento algum, prova disso é a surreal cena final que escancara o grau de escracho de toda a produção.

Joel Junior http://www.nerdinterior.com.br

Professor, divide o tempo que tem entre o aprendizado das crianças com sua paixão pelo cinema, sua obsessão por séries, sua coleção de livros e fixação por música. Mistura toda a cultura pop e ainda acha tempo para escrever e se divertir.

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1 Comentário

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  1. 1
    Angelo Cordeiro

    Pra mim o filme foi bem irregular, tem seus momentos, mas tem algumas partes bem chatinhas também. O que mais gostei foi a reconstrução do Dia D, ali eu ri demais!

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