Vamos começar este review respondendo o básico. É bom? Muito. Melhor que Mad Max: Estrada da Fúria? Tem menos ação, mais história, e ajuda a compreender melhor o filme de 2015. E Anya Taylor-Joy não deixa nada a desejar à atuação original de Charlize Theron.
Aliás, a jovem atriz de origem argentina deve consolidar seu estrelato, não apenas por sua presença de cena e talento, mas pela ótima escolha de papéis, vide A Bruxa, Fragmentado, O Gambito da Rainha e até dando uma de penetra em uma série hypada como Peaky Blinders.
Embora seja um prequel de Mad Max: Estrada da Fúria, o filme conversa muito com o original de 1979, tanto é que começa contextualizando as crises que vão culminar com o fim da civilização. O cenário criado por George Miller então era de um mundo em que energia em geral era o bem mais precioso e a história era de vingança do policial Max contra a gangue de motociclistas que matou sua mulher e filho.
Quem leu Watchmen deve lembrar do momento de transformação de Rorschach de um mero vigilante em um psicopata justiceiro, quando prende o assassino numa casa em chamas, deixa uma serra com ele e lhe dá a opção de cortar a algema ou a perna, avisando que o metal iria demorar mais (ok, está em Jogos Mortais também).
Pois esta sequência foi copiada do primeiro Mad Max, que poucos hoje em dia viram. É esse tipo de vingança que Furiosa vai buscar contra o vilão Dementus, um Chris Hemsworth insano, que agradou muitos e desagradou alguns, líder de uma gangue de motoqueiros que atuam como elemento desestabilizador de um precário status quo entre os guerreiros do deserto – que dessa vez são localizados no outback australiano, com mapa e tudo.
O lar da menina Furiosa, interpretada por Alyla Browne, uma versão mais jovem de Anya, e tão intensa quanto ela, é uma sociedade matriarcal que vive num oásis em meio à paisagem arenosa. E para evitar que um grupo de motoqueiros revele sua localização é que a garota acaba sendo sequestrada, com consequências terríveis. Mas, fazendo jus ao nome, ela não se deixa domar ou se entregar ao destino das jovens bonitas e saudáveis desse mundo devastado. Ela luta com unhas e – literalmente – dentes para se vingar de Dementus e voltar para o paraíso perdido.
As cenas de ação são novamente impressionantes, ainda que não incessantes como em Estrada da Fúria, mas eletrizantes e criativas, como a biga de motos de Dementus e o paraglider-polvo. Ver este Furiosa e em seguida o anterior deve ser uma p(*)ta experiência.
Como o filme acabou de estrear, evitarei SPOILERS, mas aviso que Max aparece rapidamente, mas só para quem prestar atenção. Não é Tom Hardy nem Mel Gibson: ele é identificado à distância pelo icônico Interceptor V8 com turbo a nitroglicerina. Absolute Cinema!
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