Review | Homem-Aranha: Sem Volta para Casa (SEM SPOILERS)

Em vídeo que circula nas redes sociais, Stan Lee fala sobre o processo de criação do seu personagem mais célebre. Depois de criar um nome e definir seu poder, o escritor brinca: “só por diversão, vou dar a ele problemas pessoais”. Pronto, começava aí a rotina de dramas, perdas e glórias de Peter Parker, alter ego do Homem-Aranha, personagem que (tento) acompanhar há mais de 30 anos, em seus altos e baixos.

Impossível negar que a estreia do personagem no cinema, em 2001, com Tobey Maguire como protagonista e Sam Raimi na direção, foi emocionante. Homem-Aranha ainda é a realização material de todo nerd fã de quadrinhos (pena que a trilogia tenha terminado mal). A esperança se redobrou em O Espetacular Homem-Aranha, com Marc Webb na direção e o casal Andrew Garfield e Emma Stone como Peter Parker e Gewn Stacy, respectivamente. Infelizmente, os roteiros bagunçados impediram a continuidade da franquia.

A solução encontrada pela Sony – detentora do direito do personagem e seu universo nos cinemas – foi abraçar a Marvel Studios, uma das atuais potências do cinema de entretenimento. Foi então que Tom Holland assumiu o papel e fez sua estreia em Capitão América: Guerra Civil (2016), o primeiro dos seis filmes em que encarou Peter Parker.

Mas falaremos aqui da jornada solo do herói, iniciada em Homem-Aranha: De Volta ao Lar (2017), que acerta ao fugir da armadilha do filme de origem e se embrenha nos desafios enfrentados por um adolescente com poderes. Homem-Aranha: Longe de Casa (2019) se assemelha àquelas excursões do Ensino Médio, mas com uma dose maior de adrenalina.

Abutre e Mysterio foram os antagonistas. Porém, muito pouco se via de Peter Parker. Os desafios estavam lá, mas não pareciam à altura do legado do herói. Até agora. Homem-Aranha: Sem Volta para Casa chega para honrar o passado e o presente de Peter Parker, em uma aventura que envolve o Multiverso e antigos vilões enfrentados pelo personagem em vidas passadas, digamos assim.

A volta dos que não foram

Como todos sabemos, Mysterio (Jake Gyllenhall) revelou ao mundo que Peter Parker é o Homem-Aranha e a vida do adolescente, ansioso por sua convocação para o MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), é complemente transformada. Enquanto alguns querem uma foto, outros querem apedrejá-lo. Sorte que seu advogado está por perto.

É então que Peter resolve falar com Dr. Estranho (Benedict Cumberbatch) e pedir a ele um feitiço para que (quase) todos esqueçam que ele é o Homem-Aranha. Mas as coisas não saem como planejado e diversos vilões que sabem que Parker é o herói aracnídeo, começam a aparecer.

Neste ponto, o espectador vai precisar voltar um pouco no tempo e relembrar os filmes anteriores, para estabelecer uma conexão completa. Afinal de contas, Homem-Aranha: Sem Volta para Casa é um filme sobre segundas chances. Mas será que todos estão prontos para aproveitá-la?

Aqui surgem algumas verdades. Willem Dafoe nasceu para interpretar o Duende Verde. Sua loucura é exemplar, digamos assim. O Homem-Areia será sempre um bom coadjuvante. Alfred Molina era a única opção viável para dar vida ao Dr. Otto Octavius. Espetacular. O Lagarto também nasceu para ser coadjuvante. Ruim para o Dr. Curt Connors de Rhys Ifans. E Jamie Foxx ganha uma nova chance de fazer seu Electro parecer legal. E consegue.

Entre a razão e a emoção, o Peter Parker de Tom Holland não sabe muito bem como lidar com esses vilões, enquanto eles sentem-se confusos com a identidade deste Homem-Aranha. Mas, aos poucos, Peter descobrirá que para toda ação há uma consequência, e que com grandes poderes vêm grandes responsabilidades.

Aranhaverso

Desta maneira, o personagem deixa o Ensino Médio para entrar na vida adulta, experiência mais transformadora que a luta épica ao lado de outros heróis em Vingadores: Ultimato. Aqui surge o Parker que conhecemos e Tom Holland, enfim, dá vida ao personagem em sua plenitude.

Homem-Aranha: Sem Volta para Casa nada mais é que uma adaptação de Um Dia a Mais, saga dos quadrinhos de 2007, na qual Peter pede a Mefisto que faça com que todos esqueçam sua identidade secreta, após os acontecimentos de Guerra Civil (2006), com uma mistura de Aranhaverso, também a série de quadrinhos. Mas também é um desdobramento da série Loki, da Disney+, em que observamos o Multiverso à beira do colapso.

Mudam-se alguns personagens, acrescentam-se outros. Ao final, o que importa mesmo é a jornada de maturidade de Peter Parker, principalmente ao lado dos amigos Michelle ‘MJ’ Jones (Zendaya) e Ned Leeds (Jacob Batalon), que continuam sendo o porto seguro do protagonista. Agora, Tom Holland pode se apropriar da alcunha de Peter Parker.

Surpresas, risos, choradeira e muita emoção. Homem-Aranha: Sem Volta para Casa encerra esta trilogia com Tom Holland com chave de ouro, em uma aventura que comprova o poder e o carisma de Peter Parker, ao mesmo tempo que homenageia sua história nas telonas e abre uma janela imensa de possibilidades (ou de falta delas) para os próximos filmes.

Uma dica? CORRA para o Topázio Cinemas!

PS: é claro que não daremos SPOILERS. E pedimos que façam o mesmo. Em breve, teremos outro texto por aqui, explorando todos os acontecimentos do filme.

Fábio Alexandre http://www.nerdinterior.com.br

No jornalismo desde 2000, já passou por diversas redações, sempre envolvido com a cultura de Indaiatuba (SP) e Região Metropolitana de Campinas (RMC). Fã de cinema, games, séries, literatura e histórias em quadrinhos, é co-editor do portal Nerd Interior!

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