A Secretaria de Cultura de Indaiatuba e o Topázio Cinemas promoveram a pré-estreia de Homem com H na última terça-feira, 29 de abril, para a mídia de Indaiatuba, dentro da apresentação do Maio Musical 2025.
O filme dirigido e roteirizado por Esmir Filho (Boca a Boca) conta a vida de Ney Matogrosso (Jesuíta Barbosa, numa atuação absurda), desde a infância numa Vila Militar sob o jugo do pai (Rômulo Braga, de Carvão), oficial da Aeronáutica que não aceita os modos do filho mais velho.
Mesmo sendo abraçado pela mãe (Hermila Guedes, de Céu de Suely), ele resolve sair de casa após mais uma briga com o pai e após uma passagem pela mesma Aeronáutica onde seu pai atua e foi herói de guerra, vive pulando de cidade em cidade como hippie.
Até que uma amiga o apresenta a João Ricardo (Mauro Soares) e Gerson Conrad (Jeff Lyrio), dois músicos que querem formar uma banda para interpretar canções adaptadas de poemas famosos. O resto, como se diz, é história.
Embora seja apenas uma fração – fundamental – da longeva carreira do biografado, o Secos & Molhados foi um impacto tremendo na cultura brasileira.
Não apenas pelas caracterizações de Ney, que os outros tiveram que seguir, mas por clássicos até hoje lembrados, como Rosa de Hiroshima, Sangue Latino, O Vira, entre outros.
Adeus e Consolidação
A separação do trio, que gerou brigas pelas décadas seguintes, mostrou que o talento diferencial era seu frontman que, como o filme mostra, não foi bem sucedido logo em seguida, mas o tempo consolidou como um dos artistas mais importantes do Brasil, possivelmente o maior cantor não-compositor dos últimos 50 anos.
Sucessos como Homem de Neanderthal, Bandido Corazón, Encantado (Nature Boy), Pro Dia Nascer Feliz, Homem com H (título do filme) e encerrando com Bloco na Rua, música contemporânea aos Secos & Molhados que ele trouxe de volta ao novo milênio, são parte da trilha sonora do último meio século.
Mas o filme não se limita em ser Wikipedia: como alguém comentou após a sessão sobre algumas cinebiografias recentes.
Há muita emoção nos confrontos com o pai, na relação conflituosa com os colegas do Secos & Molhados (sim, eles vieram antes do Kiss), mas principalmente nas relações com Cazuza (Julio Reis) e Marcos de Maria (Bruno Montaleone), amores que Ney perdeu para a Aids.
Se Esmir dribla o orçamento limitado evidente no design de produção evitando grandes cenários (praia é meio igual na areia e no mar), ele capta imagens de forma sensível e criativa, valorizando a narrativa.
Jesuíta, por sua vez, encarna com garra um personagem caracterizado pela expressividade física, o que não é fácil. Muitos caricaturizaram Ney ao longo dos anos (quem não lembra de Renato Aragão/Didi Mocó?), mas o ator consegue hipnotizar o público tanto como o original.
Ney Matogrosso e Jesuíta Barbosa na pré-estreia de Homem com H