O ano era 1993. Indaiatuba estava sem sala de cinema e por isso, esperava ansiosamente pelas férias escolares para uma visita regular ao shopping Iguatemi Campinas, onde podia matar minha maior saudade. Naquele mês de julho, um filme era mais que aguardado: Jurassic Park, do mestre Steven Spielberg.
E a expectativa tornou-se mais do que realidade: fundamentou uma paixão. Ver aqueles enormes dinossauros magistralmente recriados para a tela grande foi simplesmente inesquecível. A reação do Dr. Alan Grant (Sam Neill) é a mesma de todos que apreciam e amam a sétima arte, sendo entendedor ou não de paleontologia.
O sucesso levou à criação de uma franquia que seguiu com O Mundo Perdido: Jurassic Park (1997) e Jurassic Park 3 (2001), este último dirigido por Joe Johnston (Rocketeer e Capitão América: O Primeiro Vingador). Se o impacto não era o mesmo, o senso de aventura permanecia intacto.
Passaram-se alguns anos até o retorno da franquia em Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros (2015), precedido por Reino Ameaçado (2018) e Domínio (2022), que mostraram a reabertura do parque na Ilha Nublar, o resgate dos dinossauros diante de uma nova possibilidade de extinção com a erupção de um vulcão na ilha e por fim, a chegada dos dinossauros ao cotidiano dos seres humanos – e seus consequentes desafios.
Este terceiro filme da segunda trilogia, digamos assim, apostou na nostalgia ao resgatar Alan Grant, Ellie Sattler (Laura Dern) e Ian Malcom (Jeff Goldblum) de volta à franquia. Tudo parecia ter fim… mas não em Hollywood.
O Recomeço
Três anos após Domínio, Jurassic World: Recomeço chega às telonas com a promessa de um novo… recomeço. No entanto, nada é mais tão simples como em 1993, quando tudo era novidade e os dinossauros caminhavam elegantemente pela tela grande.
Sejam os mais experientes, como eu, ou até os mais novos, como meu filho Benício, de 10 anos, todos já nos ‘acostumamos’ com a magia da recriação dos dinossauros. Sendo assim, como manter o frescor de uma franquia com mais de 30 anos? Bem, sinto dizer que Recomeço não traz a solução.
Nesta nova aventura, uma equipe liderada pela especialista em operações secretas Zora Bennett (Scarlett Johansson), contratada por Martin Krebs (Rupert Friend), representante de uma indústria farmacêutica, deve voltar à ilha Nublar para conseguir amostras de DNA das três criaturas mais colossais da terra, mar e ar.
Segundo pesquisas, esses três DNAs detêm a chave para a criação de um medicamento com potencial para salvar inúmeras vidas humanas. Ao lado de Zora estão o paleontólogo Dr. Henry Loomis (Jonathan Bailey) e Duncan Kincaid (Mahershala Ali), líder da equipe de Zora.
A missão é aparentemente simples: entrar na ilha, perto do Jurassic Park original, encontrar estas três espécies e garantir amostras do DNA de cada uma. Mas, é claro, nunca teremos uma tarefa fácil em meio a um ambiente inóspito aos humanos.
Mas se desafios não faltam, a franquia insiste em recorrer a velhos hábitos. E é aqui que entram Reuben Delgado (Manuel Garcia-Rulfo), suas duas filhas e o namorado de uma delas, que navegavam tranquilamente pelo Atlântico em um veleiro, até darem de cara com um Mosassauro.
Após naufragarem, estes personagens são resgatados por Duncan e sua equipe, mas diversos acontecimentos os separam em sua chegada a ilha Nublar. Mais avulso que isso, impossível.
Jurassic World: Recomeço se distancia do debate sobre a convivência entre humanos e dinossauros, mas revela que as coisas não vão muito bem. Ainda assim, foca na aventura, faz conexões com o Jurassic Park original e entrega efeitos especiais de primeira.
No entanto, o frescor já não é o mesmo. Aquele jovem cinéfilo que nasceu em 1993 não se manifestou desta vez… e nem mesmo nos filmes anteriores. Parece injusto, mas era o que esperava, ainda mais com a direção de Gareth Edwards (Godzilla e Rogue One: Uma História Star Wars) e roteiro de David Koepp, que adaptou a obra original em 1993 junto com seu autor, Michael Crichton.
Johansson se esforça, mas sua mercenária não convence. Mahershala está no automático e Jonathan Bailey é o paleontólogo simpático, que sabia que não deveria estar ali, mas não resiste à tentação. E a família naufragada está lá para gerar uma nova comoção, resgates fora do padrão e uma certeza: precisávamos deles?
Ao fim, Jurassic World: Recomeço é uma aventura digna das férias, que deve encantar o público, mas que não traz novos elementos a uma franquia que precisa se reinventar para permanecer relevante.
Informações pós-crédito
Em seu final de semana de estreia, Recomeço somou US$ 318 milhões, sendo US$ 147,3 milhões nos Estados Unidos e Canadá e US$ 41,5 milhões em 82 mercados, incluindo a China.
Segundo a Motion Picture Association, estes números fazem do novo Jurassic World a maior estreia de 2025 nos EUA e Canadá, por enquanto. Porém, em comparação com os números da trilogia Jurassic World, foi a menor abertura doméstica da franquia.
Porém, mesmo que o filme não alcance a casa do bilhão, como seus antecessores, deve levar muita gente às salas e continuar rentável, já que seu custo estimado foi de US$ 180 milhões, sem incluir investimentos em marketing.
Ou seja, ao menos nas telas do cinema, os dinossauros seguem vivos e imponentes.