E o prêmio de filme genérico do ano vai para…
Só de ler a sinopse você já percebe que Kin não deve ser nenhuma surpresa aos fãs de ficção científica. E pior, nem mesmo o pessoal mais acomodado irá encontrar algo novo, já que o filme tem a cara de qualquer produção da Netflix – que volta e meia se arrisca no sci-fi.
Vendo pelo lado da representatividade, Kin é bem intencionado, já que coloca um garoto negro como protagonista de sua história. É semelhante ao que a Disney fez em Uma Dobra no Tempo, dando protagonismo à garotinha Storm Reid, embora o resultado nas bilheterias não tenha sido satisfatório.
Os irmãos Jonathan e Josh Baker dirigem este longa baseado em um curta de sua própria autoria. Intitulado Bag Man, o curta de 2014 tem quinze minutos e uma ideia que daria pano pra manga, já que deixa muitas questões no ar.
Apesar do mistério em torno do curta, a trama de Kin acaba sendo pouquíssimo misteriosa, já que usa a ficção científica como pano de fundo para se aprofundar numa dramática relação entre irmãos.
Na história, o garoto Eli (Myles Truitt) vive com o pai adotivo – vivido por Dennis Quaid, que tem se acostumado a fazer pais durões no cinema – enquanto tenta sobreviver em um mundo repleto de preconceito e sem amigos. Seu único passatempo é procurar coisas sucateadas para vender, até que um dia ele encontra uma arma futurística em formato retangular capaz de explodir qualquer coisa que esteja à sua frente.
Assim que seu irmão Jimmy (Jack Reynor, de Detroit em Rebelião) sai da prisão, Eli o acompanha em uma jornada para fugir de um traficante (James Franco, de O Artista do Desastre) e seu bando. Porém, Eli e Jimmy também são perseguidos por um grupo de federais liderados por uma mulher (Carrie Coon, de Garota Exemplar) e pelos possíveis donos da poderosa arma que Eli carrega consigo.
Além da trama de fuga batida, os estereótipos dos personagens também cansam o espectador, liderados por James Franco como o gângster capaz de matar a qualquer custo e Jack Reynor como o irmão valente que protegerá o irmão mais novo. Nem mesmo Zoë Kravitz (Mad Max: A Estrada da Fúria) é capaz de salvar o filme. Embora ela tente algo a mais, suas aparições são sabotadas pelo roteiro e podem ser comparadas às de Ana de Armas em Blade Runner 2049: é apenas a mocinha que serve de affair para o irmão bonitão e mãe postiça para o irmão mais novo.
Apesar do bom aspecto técnico do filme, tanto em visual de cores, quanto nas cenas de ação onde podemos ver todo o poderio da arma, falta ao roteiro algo a mais do que apenas colocar os irmãos em fuga em carros rápidos e com uma arma poderosa em mãos, bancando os justiceiros.
O pior de tudo é que a história se arrasta por um bom tempo para descambar em um terceiro ato que se apoia em reviravoltas que servem para deixar o espectador com vontade de quero mais. Isso dá a Kin uma cara de aposta: se o público gostar, eles voltam. Porém, não seria mais válido apostar em uma série ou até mesmo em uma produção para a TV?
Caberá ao tempo dizer se Kin ganhará continuações ou não, já que um dos produtores (Michael B. Jordan) vem aparecendo em diversas produções e, depois do sucesso de Creed: Nascido para Lutar e Pantera Negra, é capaz que ele atire para todos os lados, como já vem fazendo.
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