Como o próprio título insinua, Los Silencios é um filme no qual os silêncios devem ser notados. Gosto muito da forma com que a diretora Beatriz Seigner faz uso deles para alertar o espectador acerca dos conflitos de seu longa.
Se por um lado Seigner não nos manipula, por outro lado ela deixa tudo à nossa mercê. A confiança no espectador é tanta que em alguns momentos parece que ela se sabota.
Há um tom frio, intimista e sobrenatural que volatiza em cada uma das cenas. Tal frieza pode ser um ponto negativo para alguns, já que uma história onde os refugiados são os principais personagens é preciso termos empatia por eles, mas isso só acontece no terceiro ato. Jeito eficaz de terminar um filme, mas o trajeto até ele é duro.
Somos apresentados a Amparo (Marleyda Soto) e seus dois filhos, Núria e Fábio, que fogem dos conflitos armados na Colômbia para a região da tríplice fronteira entre Brasil, Colômbia e Peru (a mesma daquele filme da Netflix, Operação Fronteira), mas enquanto lá a coisa era completamente genérica e explicadinha, aqui Seigner caminha com seus personagens com muita calma, a passos curtos, num tom quase poético.
A ambientação no meio da Amazônia, repleta de sons da natureza, contribui bastante para sermos absorvidos por aquela aura melancólica. É uma história sobre a dor da perda, mas sem a pungência desta e Seigner dá a luminosidade do neon e de tais sons para preencher o vazio daqueles que se foram.
Enquanto Amparo tenta recuperar o corpo do marido – morto no conflito colombiano – para que possa receber a indenização, Seigner encontra espaço para fazer críticas ao desmazelo com que aquelas famílias são tratadas pela sonegação governamental e também de quem se aproveita de suas condições precárias.
Los Silencios se conclui numa belíssima cena e que dá ao espectador, finalmente, a solução do mistério que perdura por todo o longa.
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