O primeiro ato de A Luz Entre Oceanos mostra um casal se conhecendo, se apaixonando e compartilhando uma felicidade e um amor puro digno de um final feliz. Mas não se engane, este não é um filme sobre finais felizes.
A trama começa apresentando o veterano de guerra Tom (Michael Fassbender, de X-Men: Apocalipse e do vindouro Assassin’s Creed), contratado para trabalhar em um farol bem na divisão entre os oceanos Pacífico e Índico. Logo ele conhece Isabel (Alicia Vikander, vencedora do Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante por A Garota Dinamarquesa), com quem se casa. O casal tenta engravidar, mas as duas tentativas acabam em perdas. Desolados, acabam encontrando um barco à deriva, contendo o corpo de um homem e um bebê. Tom imediatamente deseja avisar as autoridades do ocorrido, mas é convencido por Isabel para que fiquem com a criança e cuidem como se fosse seu filho. As coisas parecem dar certo, mas anos depois a inevitável presença de Hannah (Rachel Weisz) faz com que o casal tenha que lidar com as escolhas que fizeram no passado.
A partir daí, a felicidade contida no início do filme dá lugar ao desespero dos personagens. Surgem então as emocionantes atuações de Michael Fassbender e Alicia Vikander. O que o casal faz em cena é de uma sensibilidade e fraqueza que se torna impossível não se emocionar. Enquanto ele mantém a seriedade exigida pelo personagem, um ex-combatente de guerra cansado e traumatizado, ela não esconde as emoções, o brilho em seu olhar é genuíno, a cena em que ela percebe que perderá o segundo filho é de partir o coração. Em cena, o casal enche a tela com uma química impressionante, tão perfeita que a parceria na ficção acabou se estendendo para a vida real e hoje Fassbender e Vikander são um dos casais mais queridos e badalados do mundo das celebridades.
Deixar Rachel Weisz de fora dos comentários seria um crime. A atriz consegue se destacar com uma personagem igualmente sofrida, mas extremamente generosa em relação ao casal, seu momento decisivo no filme vem regado de lágrimas da plateia.
Por trás de tudo está o livro de M.L. Stedman, uma narrativa clássica, que é seguida a risca por Derek Cianfrance, diretor de enorme talento – como visto em Namorados para Sempre e O Lugar Onde Tudo Termina. Conhecendo a contundência da história, o diretor decide não ousar como em seus filmes anteriores, preferindo apresentar um dramalhão clássico, repleto de boas ideias, escolhas e de um visual inóspito e deslumbrante.
Ancorado em poucos personagens, o longa não precisa recorrer a vilões ou cenas exageradas, a temática do filme já se sustenta, é mesmo a culpa dos personagens que dá o tom a toda narrativa. Cada novo acontecimento vai sufocando, não existe saída para os personagens. Não existe mais a chance de se corrigir os erros cometidos, não existe espaço para um final feliz.
A Luz Entre Oceanos é um filme adulto, talvez o mais triste do ano. É um filme maduro que mira uma plateia especifica, que sabe lidar com o drama excessivo e sólido do casal. Um filme que destaca a paixão, a lealdade e a culpa. Um filme que não se deve deixar de assistir, mesmo com uma caixa de lenços ao lado.
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