A máxima “de boas intenções o inferno tá cheio” pode vir à sua mente quando souber a minha opinião sobre Manicômio (Heilstätten). Já assumo que o filme é abaixo no geral, mas há de se enxergar algo de bom nele caso você consiga relevar muitas bobagens.
Dito isso, o longa já chama atenção por ser da Alemanha, o que aguça a curiosidade de quem adora histórias sombrias que se passam no velho continente, ainda mais em um hospital nazista abandonado.
Infelizmente assisti à versão dublada, com vozes que remetem aos dubladores de programas de caça-fantasmas do Discovery Channel, por isso creio que parte da experiência foi afetada devido ao exagero dos dubladores em dar vozes sensacionalistas aos personagens.
De qualquer maneira, a experiência tem altos e baixos que vão além da dublagem. Os diretores Michael David Pate e Martin Goeres usam youtubers como protagonistas da história, assim, o filme ganha um sentido maior para os jovens espectadores acostumados a seguir canais de youtubers famosos que têm mania de fazer conteúdos em busca de likes e views.
A missão destes youtubers consiste em um desafio: passar 24 horas em um hospital abandonado que pertencia ao regime nazista. Então, uma dupla de garotos que fazem pegadinhas de mau-gosto e uma patricinha que faz vídeos de beleza se desafiam a encarar o local guiados por Theo (Tim Oliver Schultz de A Onda), um jovem que demonstra respeito pelo hospital devido a tudo o que já acontecera ali. Theo é o elo sério e enraivecido da visita, sempre reprimindo qualquer piadinha fora de hora ou qualquer entrada em um cômodo sem sua autorização.
O começo do filme serve para nos apresentar a estes personagens e também conhecemos a ex-namorada de Theo, Marnie (Sonja Gerhardt) que fica sabendo da empreitada do ex e vai até o local.
O filme abre com uma visão aérea do hospital e da floresta densa que o cerca, até que algumas breves linhas surgem dizendo que o local está desativado desde a época nazista e que uma paciente misteriosa sobreviveu às experiências terríveis que dizimavam centenas de pessoas ali. Não há muito além disso e pra falar a verdade pouco importa ao espectador.
Depois que já conhecemos bem os corredores vazios e escuros do hospital e a personalidade daqueles jovens, a noite chega, e então a sessão de sustos começa, e é aí que o espectador será atraído ou disperso pelas intenções de Pate, Goeres e do roteirista Ecki Ziedrich.
Há uma áurea sombria naquelas paredes repletas de buracos que é endossada pela fotografia intencionalmente mal acabada.
A câmera que capta vultos e responde ao calor é um bom artifício para confundir o espectador sobre de onde vem o próximo susto, mas é uma pena que nem sempre fique claro o que se passa na tela e somos guiados apenas pelos gritos desesperados dos personagens e pela câmera tremida de quem corre sem rumo.
Por mais que seja difícil se envolver com tantos personagens superficiais e estúpidos, presos em cenas não tão assustadoras e sustos repetitivos, tudo parece se justificar no terceiro ato, que não chega a salvar o filme de ser apenas mais um fruto medíocre de Bruxa de Blair, mas que pelo menos recompensa o espectador que “sobreviveu” até o fim.
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