Review | Meu Pai

Indicado ao Oscar de Filme, Ator, Atriz Coadjuvante, Roteiro Adaptado, Montagem e Direção de Arte, Meu Pai traz Anthony Hopkins como um dos favoritos a levar o prêmio de atuação. É a principal ameaça ao favoritismo de Chadwick Boseman por A Voz Suprema do Blues, que tem a seu favor sua morte recente, seu legado em Pantera Negra e o Black Lives Matter.

Daqui em diante, SPOILERS!

O eterno Hannibal Lecter sai do piloto automático e entrega uma atuação comovente, como um idoso que vive o drama da demência. Olivia Colman, vencedora recente do Oscar por A Favorita e em alta por seu papel de Elizabeth II em The Crown, é sua filha Anne, que luta para conciliar sua vida pessoal com os cuidados com o orgulhoso genitor.

Aliás, o título nacional é enganoso, inferindo que o ponto de vista seria dela, mas é o contrário. A originalidade do filme é justamente olhar a senilidade do ponto de vista do idoso.

A deterioração mental de Anthony – também o nome do personagem – é mostrada visualmente, tanto pelo gradual desleixo na vestimenta quanto pelas peças pregadas pela memória. O francês Florian Zeller, estreante em longas, escreveu e encenou a peça em que o filme é baseado e fez questão de ter Hopkins no papel principal nesta versão para o cinema. Sua direção é delicada e criativa, destacando as atuações, mas com grande cuidado na cenografia, edição e música incidental.

Repare que o apartamento, ou apartamentos, se transformam em labirintos por onde a memória do protagonista vai se perdendo. Também é notável a escultura no jardim da casa de repouso no final, um enorme rosto sem o resto da cabeça.

O elenco também inclui Olivia Williams (que está na nova série The Nevers, e foi a esposa de Bruce Willis em O Sexto Sentido), Rufus Sewell (O Ilusionista, O Homem no Castelo Alto) e Mark Gattis (o Mycroft de Sherlock).

Não acredito que tenha chances na categoria principal, mas a interpretação de Hopkins é tecnicamente superior a de Boseman. Olivia Colman é sempre competente, sendo uma coadjuvante notável para o protagonista.  É uma joia que a indicação ao prêmio da Academia fará com que muita gente tenha a motivação para conferir.

Recomendo com todas as forças! 

Marcos Kimura http://www.nerdinterior.com.br

Marcos Kimura é jornalista cultural há 25 anos, mas aficionado de filmes e quadrinhos há muito mais tempo. Foi programador do Cineclube Oscarito, em São Paulo, e técnico de Cinema e Histórias em Quadrinhos na Oficina Cultural Oswald de Andrade, da Secretaria de Estado da Cultura.

Programa o Cineclube Indaiatuba, que funciona no Topázio Cinemas do Shopping Jaraguá duas vezes por mês.

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