Após surgir com o histérico e desajustado Hereditário, Ari Aster envereda pelo subgênero das seitas neste Midsommar – O Mal Não Espera a Noite atestando a capacidade mimética de seu cinema em reproduzir e explorar espaços claustrofóbicos e sufocantes, lá as maquetes e a casa, aqui uma bizarra e isolada comunidade pagã na Suécia para onde um grupo de amigos viaja a fim de passar as festividades do solstício de verão, o tal midsommar.
Com uma proposta distinta de seu longa anterior, Aster realiza um terror psicológico mais ameno e homogêneo. Nota-se um amadurecimento tanto de ideias quanto de composição narrativa, o resultado de Midsommar é razoavelmente satisfatório pela forma com que Aster nos insere na comunidade pagã pela perspectiva da personagem Dani (uma segura Florence Pugh que brilhou em Lady Macbeth), o problema é que Aster não dá conta de explorar as nuances da personagem, e como visto na sequência de abertura ela carrega consigo um trauma terrível que parece sufocá-la no decorrer da história.
Ao final, conhecemos pouco de sua persona por Aster abandonar seus traumas previamente apresentados e utilizar a personagem como uma espécie de canal de sensações para o espectador. Embarcamos com Dani tanto em uma viagem de alucinógenos quanto em diversos rituais que a comunidade pratica, alguns bizarros e pesados, outros testemunhados quando o olhar de Aster foca em Christian – o namorado de Dani, vivido por Jack Reynor – um personagem levado com maniqueísmo exagerado.
Midsommar é um filme de imersão. Existem muitos simbolismos e mistérios naquela comunidade – e ainda bem que a proposta passa longe do didatismo – muita coisa é ouvida de longe ou se mantém sem explicações até o fim, com isso Aster dá conta de nos envolver naquela estranheza em plena luz do dia, seja pelas sugestões ou pelo explícito (que faz valer a classificação de 18 anos), ele não chega a pecar pelos excessos, mas deixa a desejar em explorar a personagem principal e seu passado por se vislumbrar demais com aquela comunidade.
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