Conhecido por seus filmes-catástrofe, Rolland Emmerich aposta em Midway – Batalha em Alto Mar na sua volta ao gênero, com muitos efeitos visuais, cenas grandiosas de batalhas aéreas e muitos diálogos, inclusive do lado japonês.
Emmerich sai de um hiato de três anos após sua última investida nos épicos de ação. Em 2016, o diretor dirigiu Independence Day: O Ressurgimento, porém, a péssima bilheteria e a má recepção do público e da crítica provaram que a nostalgia do público com o filme dos anos 90 de nada adiantou. Seria o fim do diretor de vários pipocões norte-americanos dos anos 90 e início dos anos 2000 como O Patriota, O Dia Depois de Amanhã e Godzilla?
Agora, Emmerich (re)conta uma história que já dera origem a uma produção nos anos 70 e que enche os olhos do norte-americano que escolheu Donald Trump como presidente: a batalha do Pacífico foi uma reação dos Estados Unidos da América ao ataque japonês a Pearl Harbor, feito que mudou os rumos da Segunda Guerra Mundial. Como disse o Almirante Yamamoto: “despertamos um gigante adormecido.” Já que até aquele ponto os Estados Unidos permaneciam neutros.
Estereótipos
Com um elenco repleto de caras conhecidas, Emmerich já mostra a que veio desde o início: pintar heróis. E nada como atores conhecidos do público para preencher as mais de duas horas de filme com diálogos entonados por vozes cheias de sotaque e gargantas raspando. O estereótipo do herói de guerra de atos milagrosos e discursos prontos ganha diversos contornos neste Midway. A exemplo do personagem de Nick Jonas, que entra em cena apenas para salvar o dia e ser esquecido logo em seguida.
Patrick Wilson, Luke Evans, Aaron Eckhart, Woody Harrelson e Dennis Quaid são outros heróis de guerra de patente alta que durante o filme são pouco aproveitados, são os típicos personagens inseridos na trama para esbravejar ordens e mostrar ao público quem comandava as embarcações e estratégias – mas, ao final, é preciso ajuda dos infográficos costumeiros do gênero para conhecermos seus feitos. As mulheres tampouco servem para algo e Emmerich se mostra pouco interessado nelas, apenas as utilizando para expor a virilidade dos soldados da época.
Com tantos personagens mal aproveitados – o britânico (!) Ed Skrein é o único com alguma relevância pelo roteiro de Wes Tooke – as mais de duas horas não se justificam. Há uma tentativa enfadonha de mostrar o lado japonês da história – justificando o dinheiro deles na produção – e, embora haja alguma hombridade naqueles homens, o roteiro se limita a mostrá-los como homens que se sacrificaram contra um inimigo impossível de ser derrotado. Um projeto nos moldes do que Clint Eastwood fizera com Cartas de Iwo Jima e A Conquista da Honra, ou até mesmo uma série para algum serviço de streaming – já que está na moda -, poderia dar conta de tantos personagens importantes historicamente.
Acaba que o filme só vale mesmo pelas cenas de ação. As batalhas aéreas têm bons efeitos em sua maioria, apesar do CGI incomodar bastante no início. Ao menos é possível compreendermos as estratégias de ambos os lados, assim como as preocupações dos pilotos em momentos de pura tensão quando expostos ao fogo inimigo, sem saberem se iriam voltar com vida após decolarem dos porta-aviões.
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